Desde o início de novembro começaram a surgir os principais sinais de que se aproximava a época do Natal, associados ao comércio. As montras e as ruas ficaram coloridas e encheram-se de luzes. Nas lojas e grandes superfícies, que comercializam objectos e decorações alusivas ao Natal, multiplicam-se as árvores, os adereços de decoração, os objectos com a figura do Pai Natal, mas constatamos a ausência, ou a presença residual, da imagem que é expressão da verdadeira identidade do Natal: o Presépio.
A palavra Natal, deriva do latim “natalis”, que significa “relativo ao nascimento”. Para nós, cristãos, a essência do Natal é a celebração do nascimento de Jesus, do “verbo fez-se carne”, pelo que é indispensável a presença do Presépio em cada uma das nossas casas, nas igrejas ou nas instituições. O anúncio deste Nascimento atraiu pastores e reis, porque viram nele o símbolo do amor, da esperança e da união.
Nos últimos anos, o Município de Viseu tem promovido um concurso de presépios nas freguesias do concelho, situando em espaços públicos e centrais a imagem do Presépio. Neste projeto, a interpretação do tema da Natividade tem assumido especial criatividade no que concerne à forma e aos materiais utilizados, como a pasta de modelar, o papel, a madeira, a corda, a corcódea, ramos de árvores, cestos, etc., trabalhados artesanalmente com métodos diferenciados. Mais importante que a componente artística destas representações é a valorização do Presépio e do seu simbolismo, que começa de imediato com a união das várias pessoas, que se juntam para pensar, colaborar e concretizar o projeto. Também essencial seria que quem passa por estes presépios tivesse tempo para parar, contemplar, sentir e abrir o coração para acolher o amor que ali se representa. No Presépio temos a expressão do amor em família, a manifestação da esperança num futuro de paz, de alegria e de renovação.
No Natal consolida-se a união da família e dos amigos, reforçam-se os laços sociais, crescem os sentimentos de gratidão e a generosidade, fortalece-se a atenção voltada para o outro, a solidariedade e a partilha, ou pelo menos manifestam-se com maior evidência. Todos verbalizam com maior veemência o anseio do fim das guerras e da fome, todos manifestam o desejo de que a paz e o amor dominem no mundo. Este maravilhoso do Natal, capaz de tornar a humanidade mais humana, estes sentimentos que se “acendem” e se materializam em mensagens, visitas, abraços, presentes… são comuns aos crentes e aos não crentes. O Presépio é o símbolo que sintetiza a esperança e a alegria de fazer acontecer este amar, este cuidar, este partilhar, esta paz… por isso deve estar presente em todas as casas, nas montras das lojas ou nos espaços públicos, sem estar sujeito a interpretações e preconceitos fruto de leituras descontextualizadas e limitadas. Coloquemos o Presépio no centro do mundo e nos nossos corações!
Fátima Eusébio, Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu