Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

O Deus da esperança, que, no Verbo feito carne, nos cumula de toda a alegria e paz na fé, pelo poder do Espírito Santo, esteja convosco nesta noite santa e encha de vida e alegria o vosso coração.

Queridos irmãos e irmãs, estamos a celebrar a liturgia santíssima da noite de Natal, que nos oferece Jesus como Salvador, Esperança e Âncora da nossa salvação.

A luz de Deus brilhou para nós na cidade de Belém. Esta é a noite de Natal, o momento em que o amor divino desceu à terra numa criança que nasceu para nos salvar.

Como anunciou o Profeta: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar” (Is 9,1).

Esta é a noite feliz, que recebeu a luz que veio do Céu. O Natal de Jesus trouxe-nos a verdadeira luz divina, que dissipa as trevas do erro, do ódio, da violência, da guerra e do pecado, para construirmos a paz universal, que dá sentido à nossa esperança.

Esta é a festa da família de Jesus e das nossas famílias. A luz brilhou na noite escura de Natal e um Menino nasceu para ser a luz deste mundo mergulhado em trevas existenciais, em sombras de indiferença, descrente, fragilizado e frio, pela falta de amor, de esperança e de paz.

Este é o Natal de Jesus, a contemplação da vida, da estrela que brilhou para iluminar com a luz divina a nossa vida.

Aquecidos pela fé e pelo amor de Deus, com a proteção da Virgem Maria e de São José, iluminemos a nossa vida, a Igreja e o mundo, dando sentido e confiança à “Esperança que não engana” (Rm 5,5).

Passados 1700 anos da celebração do Concílio de Niceia, proclamemos a nossa profissão de fé batismal dizendo: O Filho de Deus, “que, por nós homens e para nossa salvação, desceu, encarnou e se fez homem, padeceu, ressuscitou ao terceiro dia e subiu ao Céu, e há de vir para julgar os vivos e os mortos” (Leão XIV, Na Unidade da Fé, nº 7).

Reunidos como povo santo de Deus para celebrar a noite santíssima do nascimento de Jesus, louvemos o Salvador do mundo, que nasceu para nós como verdadeiro Filho de Deus e de Maria.

O Concílio de Niceia ensina, no Credo, que o Verbo desceu. São João, no Prólogo do seu Evangelho, escreveu: “O Verbo fez-se homem e veio habitar connosco” (Jo 1,14). São Paulo, na Carta aos Filipenses, afirma: “Cristo esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo, tornando-se semelhante aos homens (cf. Fl 2,7).

Caríssimos irmãos, no mistério da Encarnação, Jesus assumiu a natureza humana e ofereceu a cada ser humano o dom da sua divindade, ao assumir a nossa pobre condição humana. Esta é na verdade a hora da graça, do Kairós e do amor novo, a fonte da esperança divina da nossa salvação, derramando nos nossos corações, por Jesus, o Filho de Deus, o “Emanuel, o Deus-connosco, o Príncipe da Paz”, a vida segundo o Espírito.

Fez-se carne no seio de Maria, assumiu a nossa natureza humana, nasceu num estábulo de animais, nos arredores de Belém, para habitar entre nós e salvar o povo dos seus pecados.

Agora, diante de Jesus, de Maria e de José, contemplemos a vida, a graça, a beleza e a harmonia, que nos veem do mistério da Encarnação e façamos a seguinte oração: “Pai, esperança que não desilude, princípio e fim de todas as coisas, abençoai esta nossa peregrinação neste tempo de graça; curai as feridas dos corações dilacerados, soltai as correntes que nos mantêm escravos do pecado e prisioneiros do ódio e concedei ao vosso povo a alegria do Espírito, para que caminhe com renovada esperança em direção à meta desejada, que é Cristo, vosso Filho e nosso Senhor” (Ritual do Jubileu).

Diante do presépio, contemplemos a salvação divina, que está agora mais perto de nós. Nós vimos a Sua glória e da Sua plenitude todos nós recebemos, graça sobre graça (cf. Jo 1, 16).

A estrela de Natal brilhou na noite escura e anunciou um novo dia, um novo tempo que começa a existir, anuncio-vos uma grande alegria: “Hoje nasceu para nós um Salvador, que é Cristo Senhor”. O profeta Isaías proclama: “Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado […] e será chamado: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da Paz”.

No nascimento de Jesus, na plenitude dos tempos, “manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens” e somos convidados a viver com temperança, justiça e piedade este dom que mudou para sempre o rumo e a história da humanidade.

José e Maria chegaram a Belém para se recensearem, para cumprir o decreto do Imperador César Augusto e serem da casa e da descendência de David.

Chegou a hora de Maria dar à luz o Filho Primogénito, “que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria” (Credo). “Envolveu-O em panos e deitou-o na manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 12).

Maria aparece na gruta de Belém como a mulher da escuta e do silêncio, do acolhimento e do serviço, da humildade e do louvor, da ternura e do cuidado humano, a Mãe do Verbo Encarnado. Somos chamados a admirar a sabedoria do Natal, porque o Menino nasceu para nos dar a vida em abundância e reavivar em nós o dom da esperança.

Lembremos nesta noite todos os que são rejeitados na sua vida e por causa da sua condição social, económica, política, religião, etnia, doença e pobreza são marginalizados e excluídos da sociedade.

Contemplemos Jesus, Maria e José na gruta de Belém e deixemos que o nosso coração escute e a acolha o Messias, que se faz nosso hóspede no nosso coração. Hoje, na cidade de David, nasceu-nos um Salvador.

Pedimos a Jesus que a nossa vida, as nossas famílias e as nossas paróquias se tornem espaços de acolhimento e fraternidade, “Protagonistas da Mudança”.

Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os seus rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: “Não temais, porque vos anúncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado na manjedoura” (Lc 2, 10-12).

Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”.

Gratidão pelo Ano Santo da Esperança, que está prestes a terminar. Vivamos este tempo novo de Natal como tempo de festa, de alegria, de paz, de amor e de reconciliação, iluminados pela luz de Jesus, servindo a missão da Igreja.

Rezemos juntos pelos irmãos que estão de serviço nesta noite. Cuidemos de todos, dos pobres, dos doentes, dos necessitados, dos desfavorecidos, dos migrantes, dos presos, dos desalojados e dos peregrinos e levemos a todos uma palavra de esperança e de luz neste Natal.

Levemos connosco, no coração, o Menino Jesus, o “Príncipe da Paz”, e na companhia da Virgem Mãe e de São José, desejemos a todos os nossos irmãos e pessoas de boa vontade votos de Santas Festas de Natal. Ámen!

Viseu, 25 de dezembro de 2025

+ António Luciano, Bispo de Viseu

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