Toda a comunidade está chamada ao acolhimento. O Sínodo destaca o especial papel de alguns “agentes pastorais”: “Numa Igreja sinodal, os presbíteros são chamados a viver o seu serviço numa atitude de proximidade com as pessoas, de acolhimento e de escuta de todos, abrindo-se a um estilo sinodal” (DF 72). Todos nós cristãos devemos especializar-nos no bom acolhimento, com destaque para quem está mais em contacto com quem se aproxima da comunidade.
1. ACOLHIMENTO RELACIONAL
Toda a pessoa precisa de se sentir acolhida, para poder viver minimamente feliz.
Acolher o outro é abrir-lhe a porta da nossa vida e dizer-lhe que estamos ali para ele, porque cada pessoa é importante para nós.
E todos sabemos o que claramente não é acolhimento:
– Rosto zangado, irascível ou carregado de nervosismo;
– Azedume e secura nas palavras, por vezes próximas da agressividade;
– Pressa crónica que nem nos deixa olhar o rosto do outro;
– Arrogância manifestada por gestos e palavras… E não será o clericalismo expressão de arrogância?
– Atitude plena de tensão que nos fecha e não permite que alguém se expresse normalmente.
2. ACOLHIMENTO PASTORAL
S. João Paulo II desenvolve o conceito conciliar de “caridade pastoral” (cf. LG 41), fazendo referência a ser “servidores do anúncio do Evangelho” (PDV 15). Assim como a sinodalidade, também o acolhimento está em vista do anúncio da boa nova.
O “acolhimento pastoral” não é apenas um acolhimento de boa educação, mas “pastoral”, quer dizer que se coloca num patamar de serviço em nome da comunidade cristã. Trata-se concretamente de reviver a própria caridade de Jesus (cf. PDV 22).
É por isso um acolhimento que proporciona um diálogo sério, capaz de partilhar a própria caminhada de fé. Esse diálogo, coração a coração, é em nome de um Outro que Se manifesta na unidade dos corações. Trata-se de um acolhimento que inspira uma nova esperança em cada caminhante.
O acolhimento pastoral ultrapassa (sem as dispensar) a simpatia e a afabilidade.
E um dos grandes desafios do acolhimento pastoral é que ele não se torne autorreferencial, mas indique sempre Aquele que é o nosso tesouro e a nossa alegria (cf. NMI 28). Na verdade, também aqui se deve concretizar a máxima de João Batista: “É preciso que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30), pois “o conteúdo essencial da caridade pastoral é o dom de si” (PDV 23).
3. ACOLHIMENTO PASTORAL SINODAL
Hoje que somos convidados a viver em ritmo sinodal importa pensarmos o acolhimento pastoral como a base de toda a sinodalidade. Para caminharmos juntos, acolhamo-nos uns aos outros como irmãos. Como gostava de dizer o Papa Francisco, “a Igreja não é uma alfândega” (EG 47), por isso, não sejamos “despachantes do religioso”, mas antes testemunhas da alegria, discípulos missionários do Ressuscitado, e, para isso, cada vez melhores acolhedores.
J. Cardoso Almeida