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Podemos dizer que o mistério que celebramos no Natal se pode resumir na palavra “encarnação”! A palavra “carne” vem do grego (sarx) e significa a pessoa humana na sua fragilidade e na sua capacidade de comunicar!

            Encarnar (ou incarnar) significa não apenas assumir um corpo, mas sim toda a natureza humana!

            Não é relevante ser masculino ou feminino, mas sim o facto de Jesus se tornar humano, assumir a natureza humana, mantendo a divindade.

            Jesus torna-Se humano sem deixar nunca de ser divino. Há, por isso, uma união da natureza divina e humana em Jesus, mas numa só Pessoa!

            É aqui que compreendemos a importância do Concílio de Niceia (atual Turquia), comemorando os seus 1700 anos.

            Foi em 325 que, sob a autoridade do próprio imperador Constantino, se reuniu o 1º Concílio de Niceia. O Concílio é uma reunião ao mais alto nível, com Bispos representantes de todas zonas do mundo cristão.

            Havia uma grande confusão lançada pelo arianismo que afirmava a inferioridade de Jesus Cristo em relação ao Pai. O argumento era o de que Jesus sendo Filho era, por isso mesmo, inferior. É curioso que, mesmo na lógica humana, os filhos são considerados da mesma natureza que os seus progenitores…

            Por isso, a palavra “chave” no concílio niceno é “homoousios”, em português consubstancial ou da mesma essência. O Filho é da mesma substância que o Pai, isto é, tem a mesma natureza divina.

            Este concílio inspirou a primeira parte do nosso Credo (ou símbolo), que se chama precisamente niceno-constantinopolitano!

            E era importante declarar a mesma natureza do Filho em relação ao Pai?

            Se Jesus fosse inferior ao Pai isso punha em causa a verdade cristológica, mas também trinitária, como a conhecemos e como os evangelhos se esforçam por no-la apresentar.

            Mas esta heresia (doutrina desviante) tocava a própria soteriologia, pois se Cristo não fosse verdadeiramente divino, uma só Pessoa em duas naturezas, então não poderia ter realizado verdadeiramente a salvação do género humano.

            Era como se imaginássemos um Cristo a meio termo entre o humano e o divino e, em consequência nem verdadeiramente humano nem verdadeiramente divino. Pelo contrário, o dogma católico, como será depois desenvolvido em Calcedónia (451), mostra-nos um Cristo que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem (homo-humano), “sem separação nem confusão”!

            Como afirma o documento da Comissão Teológica Internacional comemorativo dos 1700 anos de Niceia, com o título “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”, “é esta verdade da filiação divina, na qual o crente é convidado a entrar, que está na base da verdade da filiação batismal. Ser salvo, segundo o Evangelho de Jesus, consiste em entrar na verdade plena da filiação, que se insere na filiação eterna de Cristo” (nº 108).

            Assim meditando Niceia, celebraremos com mais verdade o Natal.

 J. Cardoso Almeida

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