Primeiro encontro com participantes na Jornada Mundial da Juventude marcado por apelos à «misericórdia»
O Papa encontrou-se hoje pela primeira vez com os participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Cracóvia, Polónia, e desafiou centenas de milhares de católicos a viver a “misericórdia”, sem medo da diferença.
Francisco defendeu que é necessário “aqueles que vêm de outras culturas, outros povos”, os que não são compreendidos.
“Mesmo aqueles que tememos porque julgamos que nos podem fazer mal”, acrescentou, no Parque de Blonia, um espaço verde de vários hectares junto à cidade polaca.
O Governo da Polónia tem sido um dos mais críticos de um sistema europeu com quotas obrigatórias para redistribuição de refugiados.
“Um coração misericordioso sabe partilhar o pão com quem tem fome, um coração misericordioso abre-se para receber o refugiado e o migrante”, declarou Francisco aos jovens participantes na JMJ.
O Papa desafiou depois os presentes a “acompanhar” aqueles que não são cristãos e a falar-lhes “com muito respeito” os motivos da sua fé.
“Um coração misericordioso sabe ser um refúgio para quem nunca teve uma casa ou a perdeu, sabe criar um ambiente de casa e de família para quem teve de emigrar, é capaz de ternura e compaixão”, prosseguiu.
Simbolicamente, num gesto ecológico, o Papa deslocou-se para Parque de Blonia num elétrico, acompanhado por jovens e crianças com deficiência e as suas famílias.
Já no papamóvel, Francisco percorreu o parque durante largos minutos, saudando a multidão que acenava com bandeiras de dezenas de país, incluindo Portugal.
“Finalmente encontramo-nos. Obrigado por este caloroso acolhimento”, disse.
Na terra natal de São João Paulo II, que “sonhou e deu impulso” às JMJ, Francisco desafiou os jovens a deixar-se “contagiar” com a mensagem de Jesus para fazer frente às “situações dolorosas e difíceis” do mundo.
O Papa recordou os que não puderam estar na Polónia, mas que a acompanham através dos vários meios de comunicação: “Todos juntos faremos desta Jornada uma verdadeira Festa Jubilar”.
Francisco falou com “tristeza” dos jovens “«reformados» antes do tempo”, “chateados e chatos”, alertando depois para os “vendedores de falsas ilusões” e para os que julgam que “as coisas não podem mudar”.
“Jesus Cristo é aquele que sabe dar verdadeira paixão à vida, Jesus Cristo é aquele que nos leva a não nos contentarmos com pouco e a dar o melhor de nós mesmos”, sustentou.
A intervenção deixou votos de que as Jornadas Mundiais da Juventude sejam “dias para Jesus” e uma “aventura da misericórdia”, com atenção aos pobres, aos que não têm fé, a quem se sente “sozinho e abandonado”, aos idosos e aos avós.
“Lançai-nos na aventura de construir pontes e derrubar muros, cercas e arame farpado”, rezou.
O Papa dirigiu-se diretamente aos jovens, em diversas ocasiões, apresentando Jesus Cristo como a “resposta” para as suas inquietações.
Francisco foi cumprimentado por uma delegação de jovens, em representação dos participantes dos cinco continentes, falando cada um na sua língua natal, e recebeu o ‘pack’ do peregrino da JMJ 2016.
Aos jovens foram apresentadas fotos de seis “testemunhas da Misericórdia”: São Vicente de Paulo (Europa), a Beata Teresa de Calcutá (Ásia), Santa Maria MacKillop (Oceânia), Santa Josefina Bakhita (África), S. Damião de Molokai (América do Norte) e a Beata Maria Rita Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce (América do Sul).
A esta apresentação seguiu-se um desfile com as bandeiras dos países representados na JMJ, agrupados por continentes.
Após a cerimónia de boas-vindas, o Papa regressa à sede arquidiocesana de Cracóvia, a sua residência nesta viagem de cinco dias, até domingo.
OC