Naser Makarem Shirazi condena ação do autoproclamado «Estado Islâmico» e lamenta assassinato de sacerdote francês.
O grande aiatola Naser Makarem Shirazi, do Irão, enviou uma carta ao Papa Francisco a agradecer as suas declarações sobre a necessidade de dissociar o Islão do Terrorismo.
“As suas sábias e lógicas considerações sobre o Islão, que desassociam a religião das ações desumanas e das atrocidades perpetradas por seitas ímpias (takfiri) como o Daesh são realmente admiráveis”, escreveu o líder religioso xiita, numa missiva divulgada hoje pela Rádio Vaticano.
No documento, cuja tradução em inglês foi publicada no site oficial do aiatola, Makarem Shirazi sublinha a importância de os vários líderes religiosos mundiais se posicionarem “clara e fortemente” contra a violência e as barbáries, “sobretudo quando estes atos são realizados em nome da religião”.
O responsável iraniano condenou ainda o assassinato do padre Jacques Hamel, morto no dia 26 de julho enquanto celebrava a Eucaristia na paróquia de Saint-Étienne-du-Rouvray, França.
O líder islâmico recordou que a mesma condenação foi reiterada pela comunidade dos estudiosos muçulmanos e pela “grande maioria” dos fiéis.
As “seitas ímpias” (tafkiri), como o autoproclamado Estado Islâmico, são apresentadas como “a pior crise da era moderna”
O aiatola Makarem Shirazi refere que os atos de violência de fundamentalistas islâmicos “não têm nada a ver” com as religiões ou as escolas de pensamento.
A carta surge depois de, a 31 de julho, o Papa Francisco ter afirmado em conferência de imprensa que não era correto identificar o Islão com o terrorismo, atribuindo assassinatos e atentados a “grupos fundamentalistas” que são uma minoria.
“Não é justo identificar o Islão com a violência” disse, no voo de regresso a Roma, desde Cracóvia, após uma viagem de cinco dias à Polónia.
O pontífice argentino observou que o autoproclamado Estado Islâmico “se apresenta como violento” e mostrou ao mundo que “degola egípcios”, mas considerou que este é um grupo que não representa o Islão.
“Não se pode dizer, não é verdade e não é justo dizer que o Islão é terrorista”, insistiu, em resposta a uma pergunta sobre o assassinato de um sacerdote católico, em França, enquanto celebrava Missa, por dois radicais islâmicos.
G.I./Ecclesia:OC