Papa Francisco fala em «notícias dramáticas» que chegam de Alepo.
O Papa lançou hoje um apelo à proteção da população civil na cidade síria de Alepo, palco de confrontos entre as forças governamentais e movimentos rebeldes, e apontou o dedo aos responsáveis pelos bombardeamentos.
“Apelo à consciência dos responsáveis pelos bombardeamentos, que terão de prestar contas diante de Deus”, disse, no Vaticano, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência pública semanal.
Francisco manifestou “profunda dor e grande preocupação por tudo o que acontece nesta cidade, já martirizada, onde morrem crianças, idosos, doentes, jovens, velhos, todos”.
“Renovo a todos o apelo para que comprometam com todas as forças na proteção dos civis, como obrigação imperativa e urgente”, prosseguiu.
Pelo menos 115 pessoas, sobretudo civis, morreram devido aos bombardeamentos sírios e russos sobre a parte oriental de Alepo, segundo o Observatório sírio para os Direitos Humanos, na sequência de uma operação que o exército de Bashar al-Assad lançou para recuperar aquela área, controlada por rebeldes.
“O meu pensamento vira-se de novo para a amada e martirizada Síria. Continuam a chegar-me notícias dramáticas sobre o destino das populações de Alepo, às quais me sinto unido no sofrimento, através da oração e da proximidade espiritual”, referiu o Papa.
Centenas de crianças de Alepo, cristãs e muçulmanas, vão reunir-se em oração a 6 de outubro, para pedir o fim da violência, informou o arcebispo católico-arménio de Alepo, D. Boutros Marayati.
A iniciativa, lançado pelos padres franciscanos, envolverá principalmente crianças em idade escolar.
Segundo as Nações Unidas, 275 mil sírios estão sem poder sair do leste de Alepo, onde a ajuda humanitária está a acabar.
O representante diplomático do Papa na Síria, D. Mario Zenari, disse à Rádio Vaticano que as “consequências mais terríveis deste conflito” têm atingido população civil, sobretudo os menores.
“Esta situação precisa acabar. Infelizmente é um conflito em que não são respeitadas as normas do direito humanitário internacional, as mais elementares, como a proteção dos civis”, lamentou o núncio apostólico em Damasco.
Em relação ao “cerco” de Alepo, o responsável fala numa “situação inaceitável”.
“É uma vergonha para a comunidade internacional que não se consiga proteger um número tão elevado de pessoas, esta comunidade indefesa: estas 270 mil, ou quantos forem, não são todos terroristas, a maioria é população civil, isto é, mulheres, crianças, idosos”, denuncia.
OC