Atividade «Refugiados para a paz» da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica do Agrupamento de Escolas de Tondela Tomaz Ribeiro, em Mangualde.
A simulação foi feita em parceria com o Exército e quis sensibilizar os mais novos para as consequências da guerra.
Mais de uma centena de alunos de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) viveram durante dois dias em Mangualde a experiência de um campo de refugiados, numa atividade em parceria com o Exército.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a professora Lúcia Lopes, uma das coordenadoras da atividade, destacou a importância de “dar aos alunos uma experiência que, de alguma forma, lhes mostrasse um bocadinho do que pode ser a vida de um refugiado, desprovido de família, de conforto, até das refeições normais”.
“O que nós vemos na comunicação social é um bocadinho distante e as pessoas às vezes têm uma perspetiva disto como se fosse um filme”, referiu a docente, para quem é essencial “fomentar” junto dos mais novos “uma consciência mais crítica e conhecedora da realidade”.
O projeto “Refugiados para a Paz” envolveu 125 alunos do Agrupamento de Escolas Tomaz Ribeiro, em Tondela, e do Agrupamento de Escolas da Tábua, e militares do Regimento de Infantaria de Viseu.
Os alunos, do 8.º ao 12.º ano de escolaridade, ficaram colocados no espaço da Escola Secundária Felismina Alcântara, em Mangualde, no Distrito de Viseu.
Durante o sábado e domingo, os mais novos comeram e dormiram em tendas de campanha e foram envolvidos em diversos exercícios correspondentes a situações que “poderiam acontecer num campo de refugiados”, como a procura e reencontro de familiares, após a fuga da guerra, a captura ou detenção em potenciais situações criminosas, e intervenções na área da saúde.
As atividades contaram também com o contributo de forças como a GNR, a Proteção Civil, os Bombeiros, a Cruz Vermelha e a Polícia Marítima, com destaque para o testemunho de dois militares portugueses que estiveram integrados na equipa de resgate de refugiados e migrantes, na Ilha de Lesbos, ao largo da costa da Grécia.
Carlos Rodrigues, agente de 1.ª classe da Polícia Marítima, guarda na memória “inúmeras situações” de assistência a pessoas que procuravam chegar a terra com a perspetiva de uma vida diferente, e que transportavam consigo dramas duríssimos.
Um desses casos foi o de uma senhora que foi resgatada de um bote com “quatro crianças, duas raparigas e dois rapazes todos pequeninos, com idades entre os 12 e os quatro anos”.
“O marido tinha morrido há duas semanas numa explosão, ela estava viúva, e trazia os quatro filhos porque não tinha condições para tratar deles lá, e vinha tão esgotada que praticamente desmaiou a bordo”, contou Carlos Rodrigues.
Outro agente da Polícia Marítima, o subchefe Pacheco Antunes, frisou a urgência da “União Europeia arranjar uma forma de resolver um problema cada vez mais complicado de resolver”.
“São pessoas que têm o direito à vida como nós e temos de as ajudar”, frisou o militar, que prestou auxílio a “muitas crianças e bebés”.
“A maior parte de nós que ali estamos destacados somos pais e sentimos logo ali aquele dever de proteção, são os momentos mais marcantes”, sublinhou.
Durante a atividade “Refugiados para a Paz”, os alunos de EMRC tiveram oportunidade também de escutar o testemunho de um jovem voluntário da Plataforma de Apoio aos Refugiados.
G.I./Ecclesia:JCP