Físico português elogia voz «moderna» de Francisco em livro sobre a Companhia de Jesus.
O cientista Carlos Fiolhais elogiou a forma como o carisma empreendedor da Companhia de Jesus continua vivo em figuras como o Papa Francisco.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o físico e professor universitário explicou que começou a interessar-se pela história da Companhia de Jesus quando assumiu o cargo de diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.
À frente daquela ‘cápsula do tempo’, que está a assinalar 300 anos de existência, este responsável teve ocasião de perceber o quanto os jesuítas sempre estiveram “perto da educação e da ciência”, e a partir daí na vanguarda do processo de “globalização”.
Para Carlos Fiolhais, “os jesuítas foram exemplares” na promoção da globalização atual, ao levarem ao mesmo tempo a informação e a evangelização.
Numa época da História que envolveu não só o Oriente, a Ásia, na China e o Japão por exemplo, mas também a América do Sul, com o contributo de outras congregações religiosas.
“Foi um momento extraordinariamente enriquecedor para a humanidade e esse encontro teve protagonistas, teve acontecimentos, foi feito em grande medida por portugueses ou então por missionários estrangeiros que passaram por Portugal”, frisou o ensaísta, a respeito da obra intitulada ‘Jesuítas, construtores da globalização’.
O livro em causa, publicado por ocasião dos 200 anos da restauração da Ordem da Companhia de Jesus, e escrito em parceria com o historiador José Eduardo Franco, mostra em texto e imagem essa faceta empreendedora, que os jesuítas mantém atualmente.
Carlos Fiolhais recordou “o exemplo recente do padre Luís Archer, que introduziu a moderna genética” em Portugal e, num nível mais abrangente, “o Papa Francisco”, o primeiro Papa jesuíta, que estudou química e “escreveu um documento notável sobre o problema do ambiente”, a encíclica ‘Laudato Si’ , publicada em 2015.
“Ele tem tentado unir as pessoas à volta de coisas essenciais, a paz, a qualidade de vida no planeta, que nos deviam de facto unir”, reconhece o físico, que considera que apesar do contexto atual não estar “fácil”, Francisco conseguirá continuar a afirmar a sua voz “muito moderna”.
“Ele é um jesuíta, será sempre um jesuíta e isso não deixa de ser uma marca muito forte, inspiradora para ele e esperemos que inspiradora também para a humanidade”, acrescentou.
Quanto à obra ‘Jesuítas, construtores da globalização’, Carlos Fiolhais espera que ela possa contribuir para aproximar mais o percurso da Companhia de Jesus do conhecimento “popular”, através da “divulgação de história, de ciência, de cultura acima de tudo”.
Outra obra que entrou no espaço público dedicada à história da Companhia de Jesus é o filme ‘Silêncio’, do realizador norte-americano Martin Scorsese, e que chegou na última semana às salas de cinema em Portugal.
Um projeto inspirado no livro homónimo do japonês Shuzaku Endo e que conta a história dos missionários jesuítas portugueses martirizados no Japão, durante a perseguição aos cristãos naquele país asiático, a partir dos séculos XVI e XVI.
Para Carlos Fiolhais, trata-se de um “filme extraordinário” que mostra um “encontro” que não se fez só de partilha ou de comunhão mas também de “martírio”, com os cristãos a serem “perseguidos, torturados e muitas vezes assassinados”.
Um episódio que “marcou muito o destino da religião católica no Japão, que chegou a ter 300 mil pessoas e que vai depois resumir-se a cristãos que vivem escondidos durante vários séculos”, concluiu.
G.I./Ecclesia:PR/JCP