José Maria Seabra Duque, mandatário da petição «Toda a vida tem dignidade» diz que é preciso oferecer mais do que a morte.
O jurista José Maria Seabra Duque, um dos mandatários da petição ‘Toda a vida tem dignidade’, diz que o debate à volta da eutanásia é decisivo sobretudo ao nível do tipo de sociedade que hoje “queremos construir”.
“O que está em discussão é saber que resposta tem a sociedade a oferecer aos doentes, aos idosos, aos que sofrem. Oferecemos cuidados médicos, cuidados sociais, oferecemos o nosso amor e a nossa compaixão ou a morte?”, questiona aquele responsável, num texto enviado hoje à Agência ECCLESIA.
A eutanásia tem estado em debate no Parlamento português, que já recebeu duas petições, a já referida ‘Toda a Vida tem dignidade’, e outra que defende a “despenalização da morte assistida”.
Dois partidos com assento na Assembleia da República, o Bloco de Esquerda e o PAN – Pessoas Animais Natureza, deverão apresentar projetos-lei relacionados com esta questão.
José Maria Seabra Duque considera que, “ao contrário do que tem vindo a ser afirmado”, não está em cima da mesa uma questão de “autonomia pessoal”, ou seja, “a possibilidade de as pessoas decidirem o que fazer com a sua vida”.
Até porque “na eutanásia é a pessoa que pede para morrer mas sãos os médicos que decidem se ela pode ou não”.
O que importa perceber é “que Estado, que sociedade queremos construir”, se uma que continua baseada “no valor da vida humana” ou outro tipo de sociedade diferente.
O jurista, que é também coordenador pela ‘Caminhada pela Vida’, recorda que o “reconhecimento de que toda a vida é digna”, de que não existem “cidadãos de primeira e de segunda”, que está também na base da democracia, “demorou séculos” a construir “e é um bem que tem que ser protegido”.
No entanto, “com a eutanásia a sociedade afirma que há vidas que valem menos, que há Vidas menos dignas, que há circunstâncias onde o Estado já não protege a vida mas antes a elimina”, sustenta José Maria Seabra Duque, para quem “a legalização da eutanásia seria a vitória da cultura do descarte”.
Neste sentido, o responsável conclui o seu texto alertando que o debate da eutanásia é sobretudo “uma batalha civilizacional” que tem de contar com todos quantos acreditam no “valor da vida”.
G.I./Ecclesia:JCP