Papa Francisco presidiu, ontem, à celebração com religiosos e religiosas na Basílica de São Pedro, alertando para a tentação de procurar “atalhos” diante dos problemas que se colocam à Vida Consagrada.
“A atitude de sobrevivência faz-nos tornar reacionários, temerosos, faz-nos fechar lenta e silenciosamente nas nossas casas e nos nossos esquemas”, alertou Francisco, que presidiu à Missa da festa da Apresentação do Senhor e Jornada Mundial da Vida Consagrada, com membros das várias congregações religiosas.
Na Basílica de São Pedro, o Papa convidou os participantes a não encarar a vida consagrada apenas na perspetiva da “sobrevivência”, uma visão que “pode tornar estéril” todo e qualquer tipo de missão.
Para o Papa, quem vive a sua entrega a Deus dessa forma acaba por cair na rotina, acomoda-se aos seus horizontes e perde de vista “a criatividade profética” que é indispensável para enfrentar os problemas, sobretudo num tempo marcado por uma “transformação multicultural”.
A intervenção deixou críticas a quem “procura atalhos para escapar” aos desafios atuais e sublinhou que, mais do que “profissionais do sagrado”, os religiosos e religiosas são chamados a ser “pais, mães ou irmãos da esperança”.
Francisco convidou os membros dos institutos de Vida Consagrada e sociedades de Vida Apostólica a reencontrar o objetivo de cada carisma, o apelo fundador que lhe deu origem.
“Faz-nos bem acolher o sonho dos nossos pais, para podermos profetizar hoje e encontrar novamente aquilo que um dia inflamou o nosso coração”, apontou o Papa.
Se os consagrados não encararem a sua vida para lá da sobrevivência e não tiverem sempre presente a raiz da sua vocação, qualquer “oportunidade para a missão” poderá passar a ser encarada como “perigo, ameaça, tragédia”, complementou.
Na sua reflexão, Francisco desafiou os consagrados a tornarem a sua vida “fecunda” colocando Cristo no meio da sociedade.
“Colocar Jesus no meio do seu povo significa ter um coração contemplativo, capaz de discernir como é que Deus caminha pelas ruas das nossas cidades, das nossas terras, dos nossos bairros, significa querer ajudar a levar a cruz dos nossos irmãos. É querer tocar as chagas de Jesus nas chagas do mundo, que está ferido e pede para ressuscitar”, concluiu o Papa.
JCP/OC