Reportagem da Agência Ecclesia falou com a coordenadora dos projetos da organização católica na região.
A coordenadora dos projetos da Cáritas grega em Lesbos destacou a importância de Portugal, e da sua Plataforma de Apoio aos Refugiados, no atendimento a esta crise humana que bateu à porta Europa.
Em declarações à Agência ECCLESIA, que acompanhou uma visita da Cáritas Portuguesa, Maritina Koraki realça que “além da colaboração que tem sido mantida com a PAR, Portugal tem mostrado ser um país aberto ao acolhimento dos refugiados, o que é muito importante”.
“Sei que não tem sido fácil, por causa da crise económica em que os portugueses também se encontram, e os refugiados reconhecem isso”, frisou aquela responsável.
Segundo Maritina Koraki, ajudar os refugiados a ultrapassar os traumas que trazem e a enfrentar o choque de uma realidade diferente tem sido um dos principais desafios da missão da Cáritas no território.
Isto porque “parte das pessoas chega com expectativas muito altas”, elas pensam que uma vez aqui “terão tudo o que precisam” e que a sua passagem para outro país será breve.
Para muitos, o que seria provisório, como estar num campo de acolhimento, tem-se tornado “cada vez mais uma solução permanente”.
“Temos pessoas que estão aqui desde março de 2016 e muitos queixam-se de não termos respostas. Depois há também os rumores envolvendo a situação em outros países, para onde elas querem ir. E os refugiados continuam a chegar, entre 50 a 100 por dia”, refere Maritina Koraki.
Ajudar os refugiados a escapar da realidade em que estão é fundamental e por isso mesmo um dos projetos da Caritas grega envolve a promoção de atividades recreativas e culturais, como aulas de costura para as mulheres, cursos de línguas e um torneio de xadrez para os homens.
“Vimos que os homens não tinham nada para fazer, que passavam o dia em casa a pensar em todos os problemas que tinham, o que vem a seguir, o que vão fazer, e decidimos disponibilizar um espaço de modo a poderem escapar da realidade”, conta a representante da Cáritas grega.
A responsável reconheceu depois o impacto que a crise de refugiados teve e está a ter na sociedade grega, e em particular para os habitantes da Ilha de Lesbos, uma população que depende em grande parte do turismo para viver.
“As imagens que circulam um pouco por todo o mundo, de pessoas a esperarem no porto, ou a vaguearem um pouco por todo o lado, há a ideia de que Lesbos está cheia de refugiados e migrantes, e isso tem causado alguns problemas”, salientou.
G.I./Ecclesia:HM/JCP