Yakinthos Delernias recorda imperativo cristão de acolher quem mais precisa.
O gestor de projetos da Cáritas Grécia abordou o acordo entre a Turquia e a União Europeia relacionado com os refugiados, considerando que “o principal problema mantém-se”, a necessidade de uma resposta humana para esta crise.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, Yakinthos Delernias reconhece que “depois da implementação do acordo, o número de refugiados a vir para a Grécia, e para a Europa em geral, diminuiu”.
No entanto, continua a sobrar uma “questão essencial” que todos os países têm e devem de fazer nesta altura.
“É legítimo fechar as fronteiras? Podemos e devemos fechá-las, como nações cristãs e europeias que somos? Como seres humanos? A nós (Cáritas) não nos compete dar respostas políticas, mas alternativas humanas e cristãs”, apontou.
Nas suas declarações, aquele responsável debruçou-se ainda sobre o papel que os Estados-membros da UE têm tido na resolução desta crise, e recordou a responsabilidade dos países mais ricos.
“Quando esta crise migratória começou em 2015, não seria fácil para qualquer sociedade e para qualquer país europeu receber, acomodar ou provir todas estas pessoas. Mas todos os povos europeus partilham a mesma herança. Princípios como a a solidariedade, o amor, a compreensão para com quem é estrangeiro”, apontou Yakinthos Delernias, referindo-se à matriz cristã do Velho Continente.
Portugal tem sido um dos países mais envolvidos no processo de acolhimento aos refugiados, partilhando inclusivamente diversos projetos com a Cáritas grega.
“Sabermos que, aí em Portugal, as pessoas estão a dar o que têm e também o que não têm. Tal como nós, os portugueses também têm vindo a enfrentar muitos problemas, porque o nível de pobreza aí também é muito elevado. E prezamos muito o apoio da Cáritas Portuguesa”, declarou Yakinthos Delernias.
“É isso que significa colocar em prática os valores humanos e cristãos”, salientou ainda o gestor de projetos da Cáritas Grécia.
Um dos projetos que une as duas instituições solidárias católicas, lusa e helénica, diz respeito à gestão de cerca de 50 alojamentos para migrantes e refugiados em risco; pessoas que enquanto esperam pela integração ou recolocação, têm a oportunidade de aceder a habitação própria e a diversos apoios sociais.
Yakinthos Delernias é um dos entrevistados na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, publicada hoje, que recolhe seis dias de reportagem em território helénico, acompanhando uma comitiva da Cáritas Portuguesa.
G.I./Ecclesia:HM/JCP