A vida de cada pessoa é Dom para todos.
Quaresma e Páscoa preenchem um tempo muito especial e muito propício a ser carregado de sentido e mistério que nos levam para além dos dias do tempo e das horas do calendário. O Papa Francisco oferece-nos – para preencher, colorir e valorizar o conteúdo deste tempo – o Evangelho do rico avarento e do pobre Lázaro. Parecendo que, no Tempo do Além, o rico se converte totalmente – dirige-se ao pai Abraão, pede ajuda ao desprezado Lázaro, quer que os seus irmãos se convertam – desperdiçou, com a inversão total de valores, o Tempo do Aquém. Avaliando o “tempo todo” do pobre Lázaro e o do rico, espanta o “eterno e infinito” desequilíbrio a desfavor do rico.
Partindo desta temporal avaliação – e contemplando o que se passa com os refugiados vindos para Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque, Egipto, Itália, Grécia, Alemanha, Suécia, França, Inglaterra, Bulgária, Holanda, Áustria, Dinamarca, Hungria, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Canadá (…) e os que permanecem em Síria, Afeganistão, Somália, Sudão, Sudão do Sul (…) – quem dera que esta abertura de portas proporcione equilíbrio na distribuição da riqueza e na partilha dos bens – criados e destinados a todas as pessoas que viveram, vivem e hão-de viver – partilhando, de forma justa, proporcional e equilibrada, com todos os atuais usufrutuários, os bens que ninguém trouxe de lado nenhum, que todos encontram preparados para uso, sem abuso, e se deseja e espera que fiquem para quem vier depois dos atuais beneficiados!
A Mensagem para a Quaresma-Páscoa deste ano é exigente e será mesmo revolucionária se mudar critérios, se inverter posições de domínio e de posse abusiva e se fizer olhar a todas e a todos, mais e antes do que para os “seus bens”, para os seus irmãos. Isto, independentemente da raça, da cor da pele, da religião, do sexo ou da idade. Simplesmente por alguém ser pessoa tem direito: à vida, com família, com dignidade, com presente e com futuro, com respeito, com solidariedade e com amor, sabendo que o resto – muito importante, também – virá por acréscimo.
Para que todas e todos possam viver assim, existem Governos, existem Políticas, existem Escolas, existem Igrejas… Só assim e para a realização plena de todas as pessoas se justificam estas Instituições na Sociedade – para servirem as pessoas, ajudando a que todas sejam felizes, cumprindo os fins da 1ª Quaresma-Páscoa que precisamos de relembrar, realizar e concretizar em toda a plenitude.
1 de Março de 2017
Bispo Ilídio Leandro