Obra tem como autoras as jornalistas Ana Catarina André, católica, e Sara Capelo, agnóstica.
As jornalistas Ana Catarina André e Sara Capelo lançaram um livro intitulado ‘Peregrinos’, feito a partir de histórias de várias pessoas que têm em comum a experiência de peregrinar a pé a Fátima.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, Ana Catarina André realçou que a realização deste obra, e as entrevistas, o diálogo com as pessoas, “mudou” um pouco a sua “visão” pessoal acerca do Santuário de Fátima.
“Ajudou a perceber a dimensão do Santuário, e a diversidade de pessoas que vão a Fátima, que eu já tinha noção mas nunca tinha experimentado isso, no contacto com elas”, salientou.
A jornalista é católica e já fez várias peregrinações rumo à Cova da Iria, por isso encontrou alguns pontos de contacto com os testemunhos colocados no livro, como “a questão da busca interior que se faz no caminho, o sentido que se tenta encontrar para a vida”.
“Com isso houve um paralelismo claro com aquilo que eu já tinha vivido, mas com outras coisas nem tanto, como a questão do sofrimento”, exemplificou.
Para Ana Catarina André, hoje “tende-se a associar Fátima à questão do sofrimento”, algo que para si, a nível pessoal, não dizia muito.
“Ainda assim, depois de ter escrito este livro e falado com estas pessoas percebi que Fátima também pode ser isso, que também há lugar para isso em Fátima, e que não é menos válido por isso”, salientou.
Entre os testemunhos colocados no livro, a autora destaca a história de João António, um peregrino de São João da Pesqueira, do Distrito de Viseu, “que faz 300 quilómetros descalço para Fátima, em sofrimento e em dor, e que diz que depois daqueles 9 dias, às vezes menos dias de caminho, chega a Fátima e encontra consolo e redenção”.
“A essa história é impossível ficar indiferente, aquele homem tão sofredor mas ao mesmo tempo tão tranquilo na chegada a Fátima”, realçou a jornalista.
Sara Capelo, a co-autora da obra ‘Peregrinos’, é agnóstica e nunca tinha ido à Cova da Iria e ao Santuário, no entanto “o tema religião é recorrente” nas conversas com a sua colega Ana Catarina André.
“Pensamos que, com o aproximar do Centenário das Aparições, poderia ser interessante falarmos sobre Fátima, sobre quem são estas pessoas que caminham até Fátima, o que é que as motiva. Sendo que nós temos perspetivas bastante diferentes sobre o que é Fátima e o que é a religião em geral”, frisou a jornalista.
A profissional de comunicação esteve pela primeira vez no santuário mariano no dia 13 de maio de 2016, acompanhando “em silêncio” a entrada no recinto de um dos grupos retratados no livro.
“Confesso que foi bastante significativo e emocionante, mesmo para alguém como eu, que é agnóstica e portanto a quem Fátima não dirá o mesmo do que àquelas 250 pessoas que iam comigo, vê-los a chegar e a ajoelharem-se junto à Capelinha das Aparições”, adiantou.
“Nós temos uma perspetiva bastante comercial sobre o que é que é Fátima, do que está à volta do próprio recinto. Mas aquilo que se passa ali, perceber que aquela massa humana que alí está é um grupo de pessoas, cada uma com a sua história, a sua individualidade. Permitiu-me aprender muito mais sobre o que é ser peregrino e o que é Fátima, que esta massa humana é muito rica, e isso foi muito interessante”, completou.
O livro ‘Peregrinos’, da coleção “Retratos”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, foi apresentado esta sexta-feira à tarde no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa.
Na sessão, além das autoras participaram também o padre José Tolentino Mendonça, que apresentou a obra, e Pedro Diogo, um dos peregrinos retratados nesta nova publicação.
G.I./Ecclesia:CB/JCP