Iniciativa foi inaugurada hoje em Leiria por Luigino Bruni.
O responsável mundial pelo projeto de ‘Economia de Comunhão’, Luigino Bruni, inaugurou hoje em Leiria uma ‘incubadora’ portuguesa destinada a promover o empreendedorismo solidário e o nascimento de novas iniciativas que partilhem desta cultura.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o professor de Economia Política nas Universidades de Roma e de Milão destacou os passos firmes que esta proposta de ‘Economia de Comunhão’ está a dar em Portugal.
“Estão a nascer novas empresas, há uma incubadora a começar, um novo fermento cultural a partir do Movimento dos Focolares aqui em Portugal, e por isso estou muito feliz com esta nova primavera, esta nova perspetiva de futuro”, referiu aquele responsável.
A rede de incubação da Economia de Comunhão está já distribuída por vários países, de diversos continentes, com o objetivo de potenciar e difundir os valores que estão na base deste projeto, nascido há 25 anos por iniciativa de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
Confrontada com contextos de pobreza como o das favelas no Brasil, Chiara Lubich desafiou um grupo de empresários a fundarem empresas que, seguindo as leis de mercado, produzissem rendimentos que depois pudessem ser colocados ao serviço do desenvolvimento.
Para Luigino Bruni, é fundamental dar também um novo fôlego a um mundo económico que precisa de “valores humanos” e que parece ter entrado num processo autofágico, de autodestruição.
“Hoje as empresas estão a sofrer, não só por causa da crise económica mas muito também porque as pessoas estão mal, algumas trabalham muito e sem nenhum retorno, há um stresse, uma pressão laboral que afeta toda a vida, a família, o tempo livre. Se não reagirmos, se as pessoas não traçarem um limite, a própria economia não terá grande futuro”, apontou.
O responsável pela Associação Nacional para uma Economia de Comunhão, José Maria Raposo, salienta a importância de “chegar principalmente à camada mais jovem dos empreendedores”.
“Hoje vivemos um problema de falta de emprego e portanto os jovens acabam por ter necessidade de ter de agarrar nas suas próprias ideias, nas oportunidades que têm e potenciá-las. E esta incubadora surgiu de facto para agarrar nas ideias, trabalhá-las, apoiá-las e procurar desenvolver empresas que vivam este espírito de economia de comunhão”, explicitou.
José Maria Raposo espera, com este género de iniciativas, conseguir “sensibilizar” mais pessoas, mais empresários, a aderirem aos ideais da Economia de Comunhão.
“Estou convencido que há na sociedade hoje muita gente insatisfeita com esta economia e que quer uma economia diferente, é para esses que nós nos dirigimos”, salientou.
Entre os projetos-piloto que estão a nascer, com base na referida incubadora, está por exemplo um na área do setor madeireiro e outro ligado à agricultura biológica.
“Pessoas que não têm acesso ao crédito normal da banca e que tendo capacidade empreendedora, precisam de ajuda para começar”, completou José Maria Raposo.
A ‘incubadora’ nacional ligada à Economia de Comunhão foi batizada com o nome de Paulo Melo, economista e co-responsável do Movimento dos Focolares em Portugal, falecido em 2016.
G.I./Ecclesia:JCP