Colóquio comemorativo reúne especialistas na Academia Portuguesa da História, em Lisboa, e este sábado no Santuário de Fátima.
O secretário de Estado da Cultura disse hoje na Academia Portuguesa da História que o estudo do centenário de Fátima significa também “estudar o século XX português”, pela importância que os acontecimentos da Cova da Iria ganharam.
Miguel Honrado falava na abertura do colóquio ‘Fátima. História e memória’, uma iniciativa conjunta da Academia Portuguesa da História e do Santuário de Fátima, que começou esta manhã em Lisboa e prossegue no sábado em Fátima.
Para o secretário de Estado da Cultura, os participantes vão debater um legado “determinante” para a história dos últimos 100 anos, que “ultrapassa grandemente” a dimensão religiosa.
O padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima, disse por sua vez que este é um “tema de flagrante atualidade”, dando como exemplo as mais de 21 mil notícias publicadas a respeito da visita do Papa Francisco, a 12 e 13 de maio.
Fátima, prosseguiu, é um dado “incontornável” para a historiografia atual, elogiando a “pluralidade de leituras” e sublinhando a necessidade, por parte dos responsáveis do Santuário, de promover o conhecimento das “fontes” e de criar condições para um “estudo científico e pluridisciplinar”.
A conferência inaugural esteve a cargo de Marco Daniel Duarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, para quem a Cova da Iria ganhou inquestionavelmente um lugar novo após 1917.
A intervenção, com o título ‘O tempo e o Espaço – Micro e macro-história do acontecimento «Fátima»’, realçou a riqueza de análises, que tem gerado debates “frutíferos”, apesar do “prejuízo dos olhares sempre comprometidos”.
Segundo Marco Daniel Duarte, a base “inicial” para o entendimento dos acontecimentos de Fátima é “a notícia”.
“Foi pela notícia que o fenómeno teve a difusão que rapidamente o transmuta”, permitindo-lhe ganhar dimensão nacional e internacional, precisou.
Para o membro da Academia Portuguesa da História, os acontecimentos chegaram a milhares de pessoas “de forma vertiginosa”.
O tema ganhou interesse nos ambientes republicanos, onde Fátima era visto como “propaganda religiosa”, sendo inclusivamente referida no Parlamento português.
De seguida três oradores – D. Carlos Azevedo, Cristina Sobral e Maria José Azevedo Santos – abordam o tema ‘Fontes para o Estudo de Fátima’.
‘Fátima e a primeira República’ e ‘O republicanismo e Fátima’ são as reflexões realizadas na tarde do primeiro dia do colóquio.
O Santuário de Fátima, Centro Pastoral Paulo VI, acolhe os participantes no segundo dia onde são abordados os temas: ‘Fátima, O Estado Novo e o 25 de Abril’; ‘A questão religiosa ao tempo do Estado Novo’ e ‘Fátima e o discurso religioso contemporâneo’.
A conferência de encerramento deste colóquio vai ser proferida por D. Manuel Clemente que reflete sobre ‘Fátima no contexto do catolicismo contemporâneo’.
G.I./Ecclesia:LFS/OC