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Mariana Abranches Pinto integra grupo cristão para pessoas com doença grave ou crónica.

Mariana Abranches Pinto integra o grupo ‘Ao 3.º Dia’, uma comunidade de pessoas com doença grave ou crónica, e destaca a importância da espiritualidade para “dar sentido” ao sofrimento.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, recorda como a sua fé foi essencial perante as provações que bateram à porta, desde um cancro na mama ao drama da sua filha pequena, que teve de fazer também quimioterapia entre os dois e os quatro anos.

“Foi assim tudo ao mesmo tempo. E no meio dessa escuridão fui descobrindo um Deus mais frágil, que não livra das doenças, que não tira os problemas mas que ama e sustém”, conta Mariana Abranches.

Perante a doença, começaram a surgir “aquelas questões principais da existência humana”, que as pessoas muitas vezes “afastam” ou andam “alienadas delas”.

“Porque é que estou aqui, qual é a razão deste sofrimento, será que vou morrer, será que vou sofrer, e onde é que está Deus no meio disto tudo. Surgem imensas perguntas, e surgem medos. E a única forma de combater o medo é falar dele a outros, a outros que sabem ouvir, a outros que estão a fazer as mesmas perguntas”, realça.

Foi neste sentido que Mariana Abranches fundou o grupo ‘Ao 3º dia’, um espaço onde pessoas que também partilham do mesmo sofrimento podem partilhar o seu testemunho, as suas ideias sobre o que estão a passar.

O nome desta comunidade remete para a ressurreição de Jesus, que segundo o Evangelho aconteceu ao terceiro dia depois da sua morte.

 “Existimos há quatro anos e tem sido um caminho muito profundo, muito bonito, de comunhão. O objetivo é viver o melhor possível essa realidade, animarmo-nos uns aos outros”, realça a arquiteta paisagista, de 45 anos.

No grupo estão pessoas com cancro, com Parkinson, com esclerose múltipla, artrite reumatoide, com variadas doenças, que partilham também a fé cristã.

Mais do que a sua doença, a situação da sua filha, hoje já restabelecida, foi a maior provação que enfrentou.

No entanto, a sua fé e a caminhada no grupo mostrou-lhe que “o que interessa é a maneira como se vive” as dificuldades, e perceber que existe um Deus que “ama, que é ternura”.

Sobre a forma como hoje o mundo da Saúde, e da Pastoral da Saúde da Igreja Católica, lidam com as pessoas com doença grave ou crónica, em final de vida, Mariana Abranches considera “que é precisa uma nova linguagem”

“E falo muito quando nos dizem ‘tens que acreditar, Deus fecha uma porta, abre uma janela, Deus só te dá o que precisas’. Que imagem de Deus é que se está a transmitir quando dizemos isto a uma pessoa que está frágil e que está doente?”, questiona a fundadora do grupo ‘Ao 3.º Dia’.

“Será que Deus anda mesmo a enviar doenças, a fechar portas, a abrir janelas, eu não acredito nisso. Acho que a doença existe, faz parte da vida, o sofrimento, faz parte da vida estar doente, vem no pacote da vida. E Deus está nisso mas a amar-nos e a sustentar, e é muito importante isto”, conclui Mariana Abranches.

G.I./Ecclesia:JCP

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