Curso de Missiologia definiu critérios para a ação evangelizadora da Igreja Católica na sociedade
Lisboa, 28 ago 2017 (Ecclesia) – A edição deste ano do Curso de Missiologia, um projeto dos Institutos Missionários Ad Gentes e das Obras Missionárias Pontifícias, apontou para a necessidade de um “novo paradigma de missão”.
De acordo com as conclusões do evento, enviadas hoje à Agência ECCLESIA, é essencial uma evangelização virada para as pessoas, no seu contexto local, e que a transmissão da fé surja como um reflexo natural das relações humanas que se estabelecem.
“A evangelização começou, muitas vezes, a partir da imposição de uma imagem estereotipada de Cristo, procurando-se, então, adaptar as realidades culturais a tal sólida imagem. No entanto, o ponto de partida terá de assentar nos fundamentos da natureza humana”, pode ler-se.
Mais do que pessoas que vão para uma terra “ensinar”, os missionários devem assumir-se como “instrumentos através dos quais Cristo ensinará”, no contacto com os povos, com as diferentes culturas e costumes, sem imposições.
“A nossa atitude terá de ser aquela de quem vai ao encontro do diferente com o coração de portas abertas à escuta”, realça o padre Adelino Ascenso, presidente dos Institutos Missionários Ad Gentes e que foi um dos oradores deste curso.
O sacerdote levou aos trabalhos uma reflexão sobre a vida e obra do escritor católico japonês Sh?saku End?, autor da obra ‘Silêncio’, que foi recentemente adaptada para cinema, e que deixou um relato essencial sobre os anos da evangelização cristã do Japão.
No curso de Missiologia, que decorreu em Fátima, participaram cerca de 60 pessoas, vindas de nove países e quatro continentes.
Entre os formadores estiveram nomes como D. António Couto, bispo de Lamego, que realçou a importância de missionários “sempre abertos à surpresa e com a sensibilidade apurada”; também o historiador José Eduardo Franco, que alertou para a necessidade de um testemunho feito de “credibilidade”; e a teóloga Teresa Messias, que definiu a missão como “uma espiritualidade da desinstalação”.
O programa de oradores foi encerrado pelo padre José Nunes, que salientou que “a par da libertação e da inculturação –, o diálogo inter-religioso é um tema que não poderá, de forma alguma, ser ignorado”.
“De facto, todas as religiões têm elementos estruturantes comuns, tais como o âmbito do sagrado, o mistério, a atitude religiosa e as mediações”, recordou o sacerdote.
Os participantes no curso de Missiologia, nas instalações dos Missionários da Consolata, tiveram ainda oportunidade de visitar a exposição “As cores do sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo”, inserida na comemoração do Centenário das Aparições (1917 – 2017).
G.I./Ecclesia:JCP