Representante diplomático da Santa Sé lembrou em Nova Iorque que este se trata de um problema «global».
O secretário do Vaticano para as Relações com os Estados frisou junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, que a ação da comunidade internacional na proteção das minorias religiosas tem de ir além da “mera prevenção”.
Numa intervenção publicada hoje pela sala de imprensa da Santa Sé, e feita durante uma assembleia da ONU dedicada a esta matéria, o arcebispo Paul Gallagher salientou que “a proteção das minorias religiosas é, de facto, uma das mais urgentes responsabilidades da comunidade internacional, neste tempo”.
O representante diplomático da Santa Sé recordou que, cada vez mais, “a guerra e os conflitos servem de desculpa para a perseguição às minorias religiosas” e para a concretização de “outros crimes contra a humanidade”.
Como “a violência física e sexual, a subjugação, a detenção sob falsos pretextos, a apropriação indevida de propriedades, a escravatura, o exílio forçado, o assassínio, a limpeza étnica”.
Neste contexto, aquele responsável exortou a ONU e a comunidade internacional a ir mais longe, a intervir na “raiz das causas de discriminação e perseguição” e a reforçar a “defesa e proteção da dignidade humana, do direito à vida, da liberdade de consciência e religião” nos vários países, em todo o mundo.
Com recurso aos dados do relatório anual da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, o arcebispo frisou que o fenómeno da perseguição às minorias religiosas não é exclusivo do “Estado Islâmico” ou “isolado numa só região”.
Aquele documento mostra que “38 dos 196 países do mundo mostram sinais evidentes de violações significativas à liberdade religiosa, 23 dos quais configurando situações de perseguição efetiva”.
“O que isto nos alerta é que os ataques contra as minorias religiosas são uma realidade global, com os cristãos a permanecerem no topo das comunidades mais perseguidas”, apontou D. Paul Gallagher, que depois deixou alguns “elementos essenciais” a salvaguardar, para a resolução desta “crise”.
Em primeiro lugar o desenvolvimento de ações decisivas para a “construção da paz” nos países de conflito, onde “não basta apenas reconstruir casas”, embora isto também seja uma ajuda “decisiva”, como está a acontecer na Planície de Nínive, no Iraque.
Depois, leis que garantam a “igualdade” de direitos das pessoas, independentemente da religião que professem.
“Um Estado capaz, que trabalha para o bem comum, é um requisito essencial para a proteção das minorias religiosas e do seu futuro”, sustentou.
No campo das sugestões, o representante da Santa Sé apontou ainda a necessidade de uma maior colaboração entre as religiões, a começar nos seus líderes, um diálogo que combata o “fundamentalismo”; uma maior aposta na “educação” das novas gerações; e o “bloqueio ao circuito de dinheiro e de armas” que alimenta os conflitos e, por conseguinte, também ameaça as minorias religiosas nos países em guerra.
“Pôr um fim às atrocidades depende não apenas da capacidade de contrariar o ódio e os cancros do coração que alimentam a violência, mas também tirar de cena os instrumentos através dos quais o ódio se transforma em violência”, concluiu.
G.I./Ecclesia:JCP