Relíquia estará exposta à veneração dos fiéis na Capela da Ressurreição de Jesus.
Nos dias 21 e 22 de outubro o Santuário de Fátima vai acolher uma relíquia de São João Paulo II, por ocasião da sua memória litúrgica que é assinalada neste dia.
No sábado, dia 21, pelas 10h00 far-se-á o acolhimento da relíquia na Capelinha das Aparições e a oração do terço. Das 11h00 às 19h30 a relíquia estará exposta na Capela da Ressurreição de Jesus, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, à veneração dos fiéis. No dia seguinte a veneração ocorrerá no mesmo local entre as 7h30 e as 17h30. Pelas 18h30 tem lugar o acolhimento da relíquia na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, para a celebração da Missa votiva de São João Paulo II.
A aceitação da presença desta relíquia em Fátima deve-se essencialmente à ligação profunda existente entre São João Paulo II e Fátima, que o Santuário procura também sublinhar neste ano do Centenário.
João Paulo II foi o papa que mais vezes visitou Fátima, três vezes no total.
Desde tenra idade, Karol Wojtyla criou uma forte devoção a Nossa Senhora. Quando morreu a sua mãe, ainda criança, passou a visitar frequentemente a Igreja paroquial e habituou-se a confiar todas as suas preocupações e anseios à Virgem. Mais tarde, quando foi nomeado bispo, escolheu para as suas armas episcopais, a letra M junto à cruz e o lema Totus Tuus (Todo Teu), como sinal de total entrega a Maria. E com frequência o então bispo e cardeal de Cracóvia era visto no Santuário da Virgem Negra de Czestochowa, ajoelhado aos pés da Rainha da Polónia. A devoção de João Paulo II a Nossa Senhora sempre foi evidente.
Depois do atentado, que por muito pouco não o matou, na praça de São Pedro, a 13 de maio de 1981, o Papa agradeceu à Virgem de Fátima o ter-lhe salvo a vida.
No ano seguinte ao atentado, veio a Fátima agradecer esta especial proteção: «Vi em tudo o que foi sucedendo − não me canso de o repetir − uma especial proteção materna de Nossa Senhora. E por coincidência − e não há meras coincidências nos desígnios da Providência divina − vi também um apelo e, quiçá uma chamada de atenção para a mensagem que daqui partiu”
Todo o pontificado de João Paulo II está intimamente ligado à mensagem de Fátima.
João Paulo II entregou ao Bispo de Leiria, D. Alberto Cosme do Amaral, uma pequena caixa com «um presente para Nossa Senhora». Comovido, o bispo abriu a caixa e constatou que se tratava da bala que tinha atravessado o corpo do Papa. Esta está encastoada no interior da coroa preciosa que se coloca na Imagem de Nossa Senhora nos dias 13, de maio a outubro, e noutras solenidades especiais, como a Imaculada Conceição e a Assunção de Nossa Senhora.
Dez anos após o atentado, João Paulo II voltou a Fátima. Desta vez, para além do aspeto pessoal, o Papa teve outros motivos para agradecer à Virgem. O muro de Berlim já não existia e os países de Leste abriam nessa época as portas à estabilização da democracia. Veio a Fátima «agradecer a Nossa Senhora a proteção dada à Igreja nestes anos, que registaram rápidas e profundas transformações sociais, permitindo abrirem-se novas esperanças para vários povos oprimidos por ideologias ateias que impediram a prática da sua fé».
Em 13 de maio 2000, ano em que é revelada publicamente a terceira parte do segredo de Fátima, João Paulo II voltou ao santuário da Cova da Iria e beatificou os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.
Nas palavras proferidas pelo cardeal Sodano, a proteção dada ao papa «parece ter a ver também com a chamada terceira parte do segredo de Fátima», referindo claramente o atentado sofrido por João Paulo II a 13 de maio de 1981 e «a mão materna» que permitiu que o papa agonizante se detivesse no limiar da morte.
Segundo o cardeal, foi uma visão profética aquela que as três crianças terão tido, a 13 de julho de 1917: um bispo de branco que reza por todos os crentes, caminhando, com dificuldade, para uma cruz rodeada de cadáveres. O bispo de branco cai depois por terra, sob os tiros de uma arma de fogo.
G.I./J.B.