Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Em 1223, exatamente no dia 29 de Novembro, o Papa Honório III com a Bula “Solet annuere” aprovou definitivamente a Regra dos Frades Menores.

Nas semanas seguintes Francisco de Assis dirigiu-se para a ermida de Greccio, onde expressou o seu desejo de celebrar o Natal naquele lugar.
Para alguém, ele disse que queria ver com os “olhos do corpo” como o menino Jesus foi deitado numa manjedoura. Portanto, determinou que fossem levados para um lugar estabelecido um burro e um boi – que de acordo com a tradição dos Evangelhos apócrifos estavam junto do Menino – e sobre um altar portátil colocado na manjedoura foi celebrada a Eucaristia. Para Francisco, como os apóstolos viram com os olhos corporais a humanidade de Jesus e acreditaram com os olhos do espírito na sua divindade, assim todos os dias quando vemos o pão e o vinho consagrados sobre o altar, acreditamos na presença do Senhor no meio de nós.
Na véspera de Natal em Greccio não havia nem estátuas e nem pinturas, mas apenas uma celebração Eucarística numa manjedoura, entre o boi e o jumento. Só mais tarde é que este evento inspirou a representação do Natal através de imagens, ou seja, por meio do presépio, no sentido moderno. Para São Francisco era muito importante a encarnação, ou seja, o facto do Senhor estar presente por meio de sinais e de gestos, antes de mais nada, pelos sacramentos. A celebração de Greccio coloca-se neste contexto.

Como se explica a popularidade e a difusão dos presépios?
Francisco morreu em 1226 e em 1228 foi canonizado pelo Papa Gregório IX; a partir daquele momento a sua história foi contada e, graças também à obra dos Frades Menores, a devoção a São Francisco de Assis espalhou-se. Como consequência, o acontecimento de Greccio foi conhecido por muitas pessoas que desejavam imitá-lo, passando a apresentar e a promover o presépio. Desta forma se tornou património da cultura e da fé popular.

Qual é o significado e porque é que a Igreja convida os fiéis a representar, construir, ter presépios em casa e em lugares públicos?
A Igreja sempre deu importância aos sinais, especialmente litúrgico-sacramentais, tendo sempre o cuidado de que não terminassem numa espécie de superstição. Alguns gestos foram encorajados porque eram considerados adequados para a propagação do Evangelho e entre esses está justamente o presépio que, através da sua simplicidade dirige toda a atenção para Jesus.

Qual é a relação entre o presépio e a arte? Porque é que tantos artistas o têm pintado, esculpido, narrado, ….?
O presépio presta-se às representações na qual o particular pode se tornar o sinal da realidade quotidiana da vida. E esses detalhes da vida humana – os vestidos dos pastores, as ovelhas pastando, o menino preso à saia da mãe, etc – foram representados também como indícios do realismo cristão que procede da Encarnação.

Será que a devoção popular pelo presépio ainda é muito difundida entre o povo? Deve ser estimulada ou limitada?
Como São Francisco, cada homem e mulher precisa de sinais; alguns já são incompreensíveis enquanto que outros pela sua simplicidade e imediatismo têm ainda uma eficácia. Entre estes podemos colocar o presépio e, portanto será sempre bem vinda a sua propagação.

G.I./J.B.:P. Jorge Seixas

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