O Departamento dos Bens Culturais e Património da Diocese de Viseu sucedeu à Comissão da Sagrada Liturgia, Música Sacra e Arte Sacra, criada em 1968 por D. José Pedro da Silva, visando iniciativas orientadas para a preservação e valorização do património da diocese, incluindo o fundo documental.
Vários colóquios, realizados entre 2001 e 2007, em parceria com a Universidade Católica, foram consolidando este percurso direccionado para a salvaguarda dos bens culturais da Igreja e, a 6 de Janeiro de 2008, D. Ilídio Pinto Leandro, considerando que o “Património Religioso da Diocese constitui um Bem Cultural, Social e Religioso que todos somos chamados a cuidar, a preservar, a estudar e a colocar ao serviço, como meio de evangelização, de divulgação e de conhecimento histórico”, procedeu à reestruturação dos organismos vocacionados para esta área, substituindo a Comissão de Arte Sacra por duas novas estruturas: a Comissão para a Arquitectura Religiosa e Espaços Litúrgicos e o Departamento dos Bens Culturais, Arquivos e Museu.
Ao longo destes 10 anos, O Departamento dos Bens Culturais colocou no centro das suas preocupações os museus e arquivos, a realização de exposições temporárias, a formação técnica e profissional, o registo e inventário, a investigação, a orientação e acompanhamento das intervenções de conservação e restauro e a realização de actividades de dinamização do acesso e conhecimento do património, trabalho que exigiu generosa colaboração dos membros do Departamento, dos sacerdotes, das comunidades paroquiais e de muitos amigos, além de parcerias institucionais com câmaras municipais, museus, paróquias, secretariados e organismos diocesanos, e mecenas individuais ou institucionais.
Depois de funcionar provisoriamente no Seminário Maior, o Departamento dos Bens Culturais transitou para a Casa Episcopal, ocupando espaços vocacionados para Arquivo Histórico, Gabinete de Inventário e Departamento dos Bens Culturais, com oficinas de restauro.
Projetos em destaque
A missão pastoral que os bens culturais podem e devem cumprir está valorizada nas estratégias a que o processo de inventariação, preservação, dinamização e divulgação desses bens culturais obedece. Nestes dez anos foram montadas e apresentadas dezassete exposições temporárias, percorrendo vários locais da diocese, com objectivos de descentralização. Santa Comba Dão, Sátão, Vila Nova de Paiva, Vouzela e Penalva do Castelo acolheram algumas, valorizando peças do seu Património Cultural, inseridas em narrativas expositivas que resgatam o seu sentido de anúncio e revelação do Mistério de Deus, em paralelo com a sua beleza e interesse histórico. As peças expostas foram beneficiadas também com operações de conservação e restauro, algumas resgatadas de arrecadações onde estavam esquecidas e em más condições de acondicionamento.
O Núcleo Museológico do Seminário, a Casa Memorial Madre Rita em Ribafeita, o Núcleo Museológico da Santa Casa da Misericórdia de Penalva do Castelo e o Tesouro da Catedral de Viseu, este último, no sob responsabilidade do Departamento, com coordenação do Vigário Geral beneficiam da acção do Departamento.
A publicação da História da Diocese de Viseu, em três volumes é fruto do trabalho de investigação desenvolvido ao longo de seis anos por doze investigadores e foi apresentada ao público no dia 23 de julho de 2016. Um projecto inovador e ambicioso que, como refere D. Ilídio Leandro no Prefácio, dá luz ao “conhecimento do que foi a construção e vivência da nossa diocese ao longo de quase 15 séculos, não apenas dos seus agentes institucionais, mas também dos sentires e viveres da fé nas comunidades”.
A reorganização da Biblioteca do Seminário Maior de Viseu foi também tarefa do Departamento, fazendo também serviço de educação para o património destinado a diferentes grupos etários, assinalando datas celebrativas como o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o Dia Internacional dos Museus e as Jornadas Europeias do Património.
Através da contratualização de três projectos com a ADD, a ADDLAP e a ADICES, o Departamento deu início à elaboração do inventário/catálogo dos Bens Culturais na Diocese de Viseu, um projecto científico e sistemático, visando o seu conhecimento, preservação e valorização, com o levantamento de dados e registo fotográfico das peças e dos espaços, em fichas individualizadas e registadas no programa InPatrimonium Premium, em mais de 25000 fichas, instrumento de absoluta utilidade e importância para a gestão e salvaguarda do património religioso das paróquias.
No Jornal da Beira, foram e são publicados semanalmente artigos com temáticas relacionadas com a cultura e bens culturais da Igreja, associando vertente estética e iconográfica à interpretação das leituras da celebração dominical.
O Departamento dos Bens Culturais fez ainda acções de formação em alguns arciprestados orientadas para a “Salvaguarda e valorização do património da Igreja”. Em resumo, um trabalho “que se tem revelado muito gratificante para os membros deste Departamento e que esperamos que continue, pois ele não é um mero artifício, constitui uma expressão de fé e de amor, aproximando os homens de Deus”, recorda Fátima Eusébio, Coordenadora do Departamento.
G.I./J.B.