Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A celebração do Tríduo Pascal, os momentos evocativos da morte e ressurreição de Jesus na Igreja Católica, inspira de norte a sul de Portugal um conjunto de celebrações ancestrais, Vias-Sacras e autos da Paixão, procissões, “Endoenças” e manifestações que arrastam multidões.

Na nossa diocese, para além das celebrações na Catedral de Viseu, muitas são as Paróquias e Associações de Fiéis que mantêm vivas tradições quaresmais, com o Canto das Almas Santas e o Canto dos Martírios, com Procissões do Enterro, Sermões do Encontro, encenações públicas da Via-Sacra, tudo numa verdadeira preparação para o Tríduo Pascal, que culmina com a Vigília Pascal e  anúncio festivo da Ressurreição do Senhor.

Em Braga, a noite de hoje marca o início dos cortejos da Semana Santa, com a procissão popularmente conhecida como Nossa Senhora “da Burrinha”, organizada desde 1998, a qual “apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus que a Igreja celebra nos dias seguintes”.

A Semana Santa na cidade minhota é preenchida com diversas iniciativas que vão do cultural ao litúrgico; na Quinta-feira Santa decorre a Procissão do Senhor “Ecce Homo”, ou “Senhor da Cana Verde”, que recorda o julgamento de Jesus num cortejo que abre com o exótico grupo dos farricocos, recordando antigos penitentes.

O dia da morte de Jesus, Sexta-feira Santa, é recordado pela adoração da cruz e pela Procissão Teofórica do Enterro, na Sé de Braga.

O Domingo de Páscoa, depois da celebração da ressurreição na Vigília Pascal, é assinalado, sobretudo no norte do país, com o “Compasso” ou “Visita Pascal” que consiste no anúncio da ressurreição e bênção das casas.

Em Entre-os-Rios, o termo «Endoenças» abrange a celebração litúrgica que tem lugar na noite de Quinta-Feira Santa, ou quinta-feira de Endoenças, com a Procissão do Senhor dos Passos e sermão “do Encontro”, complementado pela sexta-feira da Paixão, em que nova procissão, do Senhor Morto, faz o percurso inverso ao da noite anterior, para regressar à matriz onde decorrerá a “aleluia”, no sábado seguinte.

A originalidade destas celebrações em Entre-os-Rios consiste no facto de este ser um território há oito séculos “repartido por três margens de rios de difícil travessia (Tâmega e Douro).

O ciclo pascal no Concelho de Idanha-a-Nova (Diocese de Portalegre-Castelo Branco) é rico em vivências e tradições religiosas que se fazem sentir ao longo da Quaresma e na riqueza ritual das celebrações pascais; as aldeias do conselho partilham uma riqueza etnográfica e religiosa considerada única no país, os chamados ‘Mistérios da Páscoa’.

Na Quinta-feira Santa há o Peditório e a Ceia dos Doze e a cerimónia do Lava-Pés; Monsanto, Penha Garcia e Monfortinho são alguns dos locais com tradições como a representação cénica da Via-Sacra ou os Santos Passos.

 Mais a Sul, a Vila de Óbidos (Patriarcado de Lisboa) recebe muitas pessoas para celebrações religiosas que ganham uma dimensão particular pelo espaço próprio da localidade.

Na Sexta-feira Santa, decorre a Via-Sacra pelas ruas medievais; pelas 21h30 tem lugar a procissão do Enterro do Senhor – caminho de Jesus para o Calvário – que percorre algumas ruas tortuosas, dentro e fora das muralhas, culminando na Igreja da Misericórdia, onde se costuma encontrar armado um Calvário.

Em muitas localidades, a celebração da Paixão e Morte do Senhor é precedida da Procissão do Enterro, também conhecida como Procissão do Senhor Morto, durante a qual predomina o silêncio e a luz das tochas e das velas, que os fiéis transportam.

A partir de Quinta-feira Santa e até Domingo de Páscoa, o chão das capelas e igrejas do Sardoal (Diocese de Portalegre-Castelo Branco) fica enfeitado com tapetes feitos à base de pétalas de flores e verduras naturais, sendo completados com acessórios e artefactos alusivos à Semana Santa e Páscoa.

Trata-se de uma tradição que se julga ser única no país, sabendo-se que existia no século XIX.

No Algarve, destaca-se a Procissão da Ressurreição, em São Brás de Alportel, vila do sotavento, onde se cobre de flores o chão e se erguem tochas floridas, ao som do grito “Ressuscitou como disse! Aleluia, Aleluia, Aleluia!”.

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