Missionárias Dominicanas do Rosário acompanham população do Bairro 6 de Maio desde os anos 70.
A irmã Deolinda Rodrigues, Missionária Dominicana do Rosário a trabalhar no Centro Social 6 de Maio, homenageou quem se mostra “sensível e preocupado com os outros”, no contexto do Dia Internacional da Caridade que hoje se celebra.
“Faz falta dizer que há muita gente que se preocupa com os outros”, disse a religiosa em declarações à Agência ECCLESIA.
A irmã Deolinda Rodrigues recorda o exemplo de uma juíza do tribunal da Amadora que “dizia que não ia embora sem fazer qualquer coisa pela população” do bairro da periferia de Lisboa e, com um grupo de amigos, começou a percorrer o local, a “procurar as coisas boas” e fotografá-las.
“Fez uma publicação, um livro que se chama ‘Do outro lado da linha’. Ofereceu a edição ao centro social e tem ajudado em bolsas de estudo universitárias”, explica.
A Missionária Dominicana do Rosário destaca que “o mandamento do amor foi dado a todos” e no caso concreto do Centro Social 6 de Maio “nunca” tiveram “dificuldade” em ter voluntárias.
“Há gente extraordinariamente sensível e preocupada comos outros, mais do que aquilo que imaginamos”, realça.
A religiosa comenta também que, às vezes, há uma “má imagem, uma imagem negativa da caridade”.
“É dar a vida. É o que pretendemos com a nossa presença ali, dar a vida”, acrescenta sobre a presença das missionárias no bairro da periferia de Lisboa.
As Missionárias Dominicanas do Rosário acompanham as pessoas no bairro no Concelho da Amadora desde que a população se começou a instalar e a construir habitações precárias, nos anos 70 do século passado, e “iniciou com eles uma caminhada” até agora, até ao “desfecho”, uma vez que os moradores do bairro estão quase realojados.
“Sentimos que temos outra missão, fazer um pouco um elo de ligação e convocação porque as pessoas sentem saudades, foram anos que viveram juntas. É um dos objetivos a ver com o povo que ali viveu e está disperso e temos momentos planificados”, desenvolveu.
Atualmente, segundo a irmã Deolinda Rodrigues, existe outra realidade que “é o mundo do consumo e tráfico” que “se instalou com muita força” devido às demolições e põe as religiosas e a comunidade “em contacto dia e noite com situações extremas de dificuldade”.
Neste contexto, a entrevistada lembra o “grande olhar de muita desconfiança” em relação à comunidade que ali viveu, e a estrada, que separava as edificações precárias dos prédios, “era um autêntico muro, simbólico e abstrato”.
“Entre as duas populações aquilo formava um gueto autêntico e era mal visto do outro lado; Temos dificuldade em entrar no mundo difícil dos outros”, assinalou.
O Dia Internacional da Caridade foi instituído a 5 de setembro pela Organização das Nações Unidas, em 2012, e comemorado pela primeira vez em 2013.
A data assinala-se no dia da morte da Madre Teresa de Calcutá, missionária católica albanesa que fundou as Irmãs da Caridade, canonizada a 4 de setembro de 2016 pelo Papa Francisco, durante o Jubileu extraordinário da Misericórdia, na Praça São Pedro.
O pontífice recordou hoje a santa católica, vencedora do Prémio Nobel da Paz, na sua conta @Pontifex, da rede social Twitter.
Levem a paz com vocês para doá-la aos outros com a sua vida, com o sorriso, com as obras de caridade. Santa Madre Teresa, rogai por nós!
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) September 5, 2018
G.I./Ecclesia:HM/CB/OC