Catedral Luterana de Riga acolheu encontro de oração com milhares de pessoas.
O Papa Francisco participou hoje numa oração ecuménica na catedral Luterana de Riga, com representantes de várias Igrejas, perante os quais admitiu que o Cristianismo enfrenta tempos “difíceis e complexos”.
“Os cristãos têm cada vez menor margem de ação e influência devido a inúmeros fatores, como, por exemplo, o secularismo ou as lógicas individualistas. Isto não pode levar a uma atitude de fechamento, de defesa, nem de resignação”, declarou, num encontro que reuniu milhares de pessoas na capital da Letónia.
Francisco evocou os cristãos de todo o mundo que, ainda hoje, “vivem na sua carne o exílio e até o martírio por causa da fé”.
“O Senhor dar-nos-á a força para fazer de cada tempo, de cada momento, de cada situação uma oportunidade de comunhão e reconciliação com o Pai e com os irmãos, especialmente com aqueles que hoje são considerados inferiores ou matéria de descarte”, acrescentou.
O encontro começou com um ato de veneração junto ao túmulo de São Meinardo, bispo que era monge na Alemanha quando, já em avançada idade, partiu para evangelizar a Letónia.
O Papa mostrou-se “feliz” por visitar este país do Báltico, elogiando o “caminho de respeito, colaboração e amizade entre as diferentes Igrejas cristãs”, um “ecumenismo vivo”.
“Que as nossas diferenças não se tornem divisões”, apelou.
A intervenção utilizou como pano de fundo a presença, na catedral luterana, de um dos órgãos mais antigos da Europa que, no momento da sua inauguração, era o maior do mundo.
“Se a música do Evangelho cessar de repercutir nas nossas casas, nas nossas praças, nos postos de trabalho, na política e na economia, teremos extinguido a melodia que nos desafiava a lutar pela dignidade de todo o homem e mulher, independentemente da sua proveniência”, assinalou.
Francisco alertou para o perigo de “passar de residentes a turistas”, fazendo daquilo que identifica as comunidades “um objeto do passado, uma atração turística e de museu”.
“Com a fé, pode acontecer exatamente a mesma coisa. Podemos deixar de nos sentir cristãos residentes, para nos tornarmos turistas”, precisou.
O Papa defendeu que o único caminho para o ecumenismo é “a cruz do sofrimento de tantos jovens, idosos e crianças, frequentemente expostos à exploração, ao absurdo, à falta de oportunidades e à solidão”.
“Enquanto fixa o olhar no Pai e em nós, seus irmãos, Jesus não cessa de implorar: que todos sejam um só”, prosseguiu.
A celebração concluiu-se com uma oração proferida pelos responsáveis locais das Igrejas Católica, Luterana, Batista e Ortodoxa, seguindo-se uma procissão de crianças com velas, para a fonte batismal.
A viagem apostólica aos países bálticos começou este sábado, na Lituânia, e prossegue esta terça-feira, na Estónia.
G.I./Ecclesia:OC