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D. Charles J. Scicluna diz que Francisco «sofre» com a lentidão da Justiça.

O arcebispo escolhido pelo Papa para liderar várias investigações a casos de abusos sexuais disse ontem no Vaticano que é preciso confiar no trabalho feito, admitindo o impacto negativo destes escândalos.

“É uma grande humilhação que nos vai tornar mais humildes”, assinalou D. Charles J. Scicluna, de Malta, na conferência de imprensa sobre os trabalhos do Sínodo dos Bispos 2018, dedicado às novas gerações.

O arcebispo maltês é considerado como um colaborador da confiança do Papa, que em 2015 o nomeou como presidente do Colégio que examina recursos de eclesiásticos para julgamentos de casos de abusos sexuais e outros dos chamados “crimes mais sérios” (delicta graviora).

“O Papa sofre com a lentidão da nossa justiça”, disse o responsável aos jornalistas.

D. Charles J. Scicluna sublinhou a importância do “silêncio” e das lágrimas, diante dos jovens que foram vítimas de abusos, nos quais existe uma “sede de verdade e de justiça”.

O prelado pediu ainda “tempo” para que Francisco possa mudar a situação e “fazer da Igreja um lugar mais seguro”.

Os jovens, acrescentou, também têm a experiência de contacto com “muitos sacerdotes santos”, o que permite ter confiança no futuro.

Segundo o arcebispo de Malta, a questão “tremendamente trágica” vai ter mais espaço no documento final do Sínodo do que no documento de trabalho, projetando assim o encontro dos presidentes das Conferências Episcopais do mundo com o Papa, em Roma, de 21 a 24 de fevereiro de 2019, sobre o tema da prevenção dos abusos.

O antigo promotor de Justiça na Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé) elogiou ainda o “mea culpa” assumido por D. Anthony Colin Fisher, arcebispo de Sidney, sobre a questão de abusos sexuais de menores, na última sexta-feira.

O representante da Conferência Episcopal Australiana afirmou então que era necessário pedir perdão de forma pessoal, através de uma carta às vítimas, pelo mal que as atingiu.

Na conferência de imprensa desta tarde participou ainda D. Emmanuel Gobilliard, bispo auxiliar de Lyon (França), que tem procurado divulgar o Sínodo 2018 com a ajuda das redes sociais, tendo gravado um depoimento do Papa que transmitiu, depois, através do YouTube, com uma palavra de “esperança e de conforto” para as novas gerações.

O prelado francês defendeu que a Igreja Católica “não precisa de ter medo” de falar da sexualidade, apesar dos “comportamentos escandalosos” que possam existir nalguns dos seus membros.

Em resposta a uma pergunta sobre a atitude dos católicos em relação aos homossexuais, o bispo auxiliar de Lyon observou que o Papa pede para “considerar as pessoas não como adjetivos, mas como substantivos”.

Assim, acrescentou, é possível “mudar o modelo pastoral” da Igreja, para que seja baseado numa “relação interpessoal com os jovens”.

D. Emmanuel Gobilliard advogou um “acolhimento incondicional de todos”, para que “entrem em relação com Jesus”, olhando para a pessoa no seu todo e não apenas para “pequenas identidades”.

Questionado sobre a valorização do papel das mulheres, o prelado francês realçou que “os jovens são exemplares”, neste campo, com muitas mulheres a assumirem responsabilidades na pastoral juvenil.

Thomas Leoncini, um dos convidados do Sínodo 2018, destacou, por sua vez, o facto de ter encontrado “uma Igreja que não tem medo de falar de temas incómodos”.

O escritor italiano observou que os trabalhos procuram “respostas radicais” para todos os jovens, não só os católicos.

A 15ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, decorre até 28 de outubro.

A Conferência Episcopal Portuguesa está representada pelos presidentes das Comissões que acompanham Pastoral Juvenil e Vocações: D. Joaquim Mendes – bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família – e D. António Augusto Azevedo – bispo auxiliar do Porto e presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.

G.I./Ecclesia:OC

CategoryIgreja, Papa, Pastoral

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