Neste ano de 2018, a Semana dos Seminários decorre de 11 a 18 de Novembro. É uma oportunidade para refletir sobre esta realidade eclesial, não esquecendo a oração e a partilha.
Por vezes, somos tentados a pensar que o tema “Seminário” é um assunto já demasiado refletido e que não é prioritário na “agenda” das nossas preocupações. É evidente que esta Semana não se destina a observar os nossos edifícios diocesanos chamados “Seminário” que estão vazios, onde os nossos seminaristas se encontram ausentes. Destina-se a recordar, apoiar e rezar pelos seminaristas, jovens aventureiros que, na sociedade e na Igreja de hoje, sentem o desafio de Jesus, o mesmo desafio que continua com a mesma energia, frescura e ousadia que irradiava nas margens do mar da Galileia e nas ruas de Jerusalém e periferias. Olhar para os nossos Seminários (edifícios), cheios de jovens, com os seus formadores, é uma imagem do passado. A nossa Diocese de Viseu tem 5 seminaristas em Teologia, mas, atualmente, em Braga, a frequentarem a Universidade Católica e a residirem em instalações da Arquidiocese de Braga. Como em tempos passados, tiveram de deixar pai e mãe, amigos e terras, atravessaram fronteiras “cómodas” para aprofundarem, em comunidade, o olhar interpelativo de Jesus que chama para, depois do discernimento e opção, serem enviados para a messe. Como todos os alunos universitários, deixam as suas terras para, de uma forma peculiar e singular, rezar, estudar, discernir, cultivar uma intimidade com Cristo Pastor. Enfrentando os problemas e os desafios feitos à juventude da nossa sociedade, com o acompanhamento e amizade dos seus formadores, vão percorrendo o caminho e a missão de encontrar Jesus.
O tema desta semana – «Formar discípulos missionários» – sublinha o objetivo fundamental dos seminários, apontado no mais recente documento da Congregação do Clero, (Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis): “A ideia de fundo é que os seminários possam formar discípulos missionários, enamorados do Mestre, pastores com o “cheiro das ovelhas”, que vivam no meio delas para servi-las e conduzi-las à misericórdia de Deus”. Sim, fala-se do “cheiro das ovelhas”, mas também é importante o “cheiro da biblioteca”, ou seja, todos os momentos de estudo da Palavra de Deus e do Magistério para, de seguida, surgir a ação e a contemplação. Se não se sentir o “cheiro da biblioteca” também não se irá sentir o “cheiro das ovelhas”. Precisamos de padres, é verdade, mas de padres contemplativos na ação, não submergidos na pastoral de eventos que se reduz a uma pastoral de eventualidades.
Que esta Semana dos Seminários seja o mote para uma outra reflexão. Num futuro breve, teremos padres suficientes para as nossas comunidades? O que fazer? Como cuidar dos padres que se esgotam em múltiplas tarefas? Como as comunidades paroquiais estão a colaborar para a purificação e mudança do estilo pastoral? Será que têm misericórdia para com os seus pastores? Que sensibilização vocacional se tem feito nas paróquias? Como se tem feito a sementeira vocacional? Que brote a reflexão!
G.I./J.B:Pe. Jorge Seixas