Papa Francisco celebrou Missa com centenas de pessoas em necessidade e voluntários, no II Dia Mundial dos Pobres.
O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que o “grito” dos pobres é abafado, na sociedade, pelos “cada vez mais ricos” e defendeu que a atenção da Igreja aos mais necessitados “não é moda de um pontificado”.
“É importante, para todos nós, viver a fé em contacto com os necessitados. Não é uma opção sociológica, não é a moda de um pontificado, mas exigência teológica. É reconhecer-se mendigos de salvação, irmãos e irmãs de todos, mas especialmente dos pobres, prediletos do Senhor”, observou, na homilia da Missa a que presidiu na Basílica de São Pedro, no II Dia Mundial dos Pobres.
A celebração, com a presença de cerca de 6 mil pobres, voluntários que os acompanham e representantes de várias organizações caritativas, ficou marcada pelos alertas do Papa Francisco, que deu voz ao “grito dos pobres”.
“É o grito estrangulado de bebés que não podem vir à luz, de crianças que padecem a fome, de adolescentes habituados ao barulho das bombas em vez da algazarra alegre dos jogos. É o grito de idosos descartados e deixados sozinhos”, realçou.
“É o grito de quem se encontra a enfrentar as tempestades da vida sem uma presença amiga. É o grito daqueles que têm de fugir, deixando a casa e a terra sem a certeza dum refúgio. É o grito de populações inteiras, privadas inclusive dos enormes recursos naturais de que dispõem”; acrescentou.
O Papa lamentou que alguns se banqueteiem com “aquilo que, por justiça, é para todos”.
A injustiça é a raiz perversa da pobreza. O grito dos pobres torna-se mais forte de dia para dia, mas de dia para dia é menos ouvido; esse grito é mais forte, todos os dias, mas é menos ouvido, todos os dias, porque é abafado pelo barulho de poucos ricos, que são cada vez menos e cada vez mais ricos”.
A celebração do Dia Mundial dos Pobres, no penúltimo domingo do ano litúrgico, nas comunidades católicas, é uma iniciativa do Papa Francisco, iniciada após o Jubileu da Misericórdia, e assinalou-se pela primeira vez em 2017.Na sua homilia, o Papa falou da “coragem de deixar” de lado as preocupações com o sucesso ou a tranquilidade, para ir ao encontro de Deus e de quem sofre.
“Subir até Deus e descer até aos irmãos: eis a rota traçada por Jesus”, precisou.
Francisco convidou todos a manter a confiança em Cristo, perante os “grandes inimigos”: “o diabo, o pecado, a morte, o medo”.
Há uma grande necessidade de pessoas que saibam consolar, não com palavras vazias, mas com palavras de vida. No nome de Jesus, encontramos e oferecemos verdadeira consolação: não são os encorajamentos formais e previstos que restauram, mas a presença de Jesus”.
O Papa sustentou que nenhum cristão pode ficar indiferente perante a “dignidade humana espezinhada”, convidando a “gestos gratuitos”, em prol de quem não os pode retribuir.
“Estendei-nos a mão, Senhor, e agarrai-nos. Ajudai-nos a amar, como vós amais. Ensinai-nos a deixar o que passa, a encorajar quem vive ao nosso lado, a dar gratuitamente a quem está necessitado”, concluiu.
Após a Missa, o auditório Paulo VI, no Vaticano, vai receber mais de 3 mil convidados do Papa, para um almoço que assinala este II Dia Mundial dos Pobres.
À imagem do que aconteceu em 2017, Francisco vai sentar-se à mesa com os pobres, um gesto que se vai repetir em refeitórios de muitas paróquias, universidades, organizações assistenciais e associações de voluntariado que aderiram à iniciativa.
G.I./Ecclesia:OC