Papa Francisco deixa ainda mensagem à Ucrânia, evocando «tragédia do Holodomor».
O Papa assinalou hoje no Vaticano a solenidade de Cristo-Rei, com que se conclui o ano litúrgico na Igreja Católica, e disse que o universo “não avança ao acaso”.
Falando desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação do ângelus, Francisco sublinhou que esta celebração “recorda que a vida da criação não avança ao acaso, mas dirige-se para uma meta final, a manifestação definitiva de Cristo, Senhor da história e de toda a criação”.
Numa reflexão sobre a realeza de Cristo e do seu “reino”, o Papa sublinhou que, em toda a sua vida, foi “evidente” que Jesus “não tem ambições políticas”.
Para Jesus, o reino é algo diferente e não se realiza, certamente, com a revolta, a violência e a força das armas”.
O pontífice realçou que Jesus Cristo ensina que, “acima do poder político”, há algo “muito maior”, que não se obtém com meios humanos.
“Trata-se da verdade divina que, definitivamente, é a mensagem essencial do Evangelho: Deus é amor e quer estabelecer no mundo o seu reino de amor, de justiça e de paz”, precisou.
Falando perante milhares de peregrinos que enfrentaram a chuva, na Praça de São Pedro, Francisco observou que o reino de Jesus se “estende até ao fim dos tempos” e que a história ensina que outros reinos, “fundados sobre o poder das armas e sobre as prevaricações” são frágeis.
“Todos nós queremos paz, todos nós queremos liberdade, todos nós queremos plenitude”, assinalou, pedindo aos fiéis que deixem que Jesus seja o seu “rei”.
Um rei que, com a sua palavra, o seu exemplo e a sua vida imolada sobre a cruz nos salvou da morte, indica o caminho ao homem cansado, dá nova luz à nossa existência marcada pela dúvida, o medo e as provações de todos os dias”.
Após a recitação do ângelus, o Papa deixou uma saudação à comunidade ucraniana, que este sábado recordou o Holodomor, “a terrível carestia provocada pelo regime soviético que provou milhões de vítimas”.
“A imagem é dolorosa. Que a ferida do passado seja, para todos, um apelo, a fim de que tais tragédias nunca mais se repitam. Rezemos por este querido país e pela paz tão desejada”, apelou.
Estima-se que cerca de 7 milhões de ucranianos tenham morrido por ordem de Estaline, que desapossou as famílias agrárias, no chamado Holodomor (1932-1933), a “grande fome”.
O Papa saudou depois o “precioso serviço à Liturgia e à evangelização” de coros de todo o mundo, incluindo Portugal, reunidos em congresso no Vaticano.
Francisco despediu-se dos “corajosos” peregrinos que enfrentaram a chuva com os seus tradicionais votos de “bom domingo” e “bom almoço”.
G.I./Ecclesia:OC