Padre Robert Vitillo esteve em Portugal a participar no Congresso Mundial da União Internacional Cristã dos Dirigentes e Empresários.
O secretário-geral da Comissão Católica Internacional para as Migrações destacou em Lisboa a resposta que Portugal tem dado à crise de migrantes e refugiados, e realçou a importância de um esforço “bilateral” de integração.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Robert Vitillo recordou o exemplo de Portugal, de modo especial a Igreja Católica, através da “Conferência Episcopal Portuguesa e da Cáritas Portuguesa, que “têm trabalhado muito no acolhimento aos migrantes e refugiados”.
Isto quando “na Europa e nos países industrializados parece que estamos perante uma tendência hoje de fechamento de fronteiras, de deportação de pessoas, de uma política populista e nacionalista”, apontou o sacerdote norte-americano.
Para aquele responsável católico, a implementação de uma política de exclusão nunca será uma boa via, até “para os próprios países de acolhimento”.
“Em muitos países os migrantes são necessários, para trabalhar e para partilhar as suas culturas, os seus valores e experiências”, defendeu o secretário-geral da Comissão Católica Internacional para as Migrações, que sublinhou a necessidade de uma “integração bilateral” e “não apenas na lógica de apoiar os migrantes e refugiados enquanto objetos passivos”.
Uma integração que, sustentou o padre Robert Vitillo, possa ir mais ao encontro da proposta que o Papa Francisco deixou, através da encíclica ‘Laudato Si’.
“As pessoas precisam de interiorizar o verdadeiro significado da encíclica ‘Laudato Si’. Não se trata apenas de um documento sobre alterações climáticas, é uma encíclica que aborda a verdade sobre o desenvolvimento humano integral”, defendeu aquele responsável católico pelo setor das Migrações, que mesmo assim vai vendo “mudanças positivas”, ao nível de projetos locais.
“A nível local, mesmo na Europa, temos autarquias e outros organismos que são mais abertos do que os próprios governos a receber migrantes e refugiados”, reconheceu.
Na última semana, o padre Robert Vitillo esteve no Uganda com um grupo de líderes empresariais de vários pontos do globo, “que estão interessados em dedicar parte dos seus recursos ao apoio a refugiados e migrantes”. no âmbito de uma iniciativa intitulada ‘O desafio da Laudato Si 2018’.
“Os empreendedores e líderes empresariais têm um papel valioso a promover, podem dar financiamento, recursos, partilhar boas práticas, podem também ajudar os países no desenvolvimento de estratégias mais eficazes de integração de migrantes e refugiados”, relevou o sacerdote norte-americano.
Este grupo de empreendedores e empresários vai estar esta semana em Roma, no sentido de partilhar com a Santa Sé um conjunto de 40 projetos económicos dedicados precisamente ao apoio a migrantes e refugiados.
O secretário-geral da Comissão Católica Internacional para as Migrações foi um dos participantes do Congresso Mundial da União Internacional Cristã dos Dirigentes e Empresários (Uniapac), que teve lugar na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
A iniciativa, que decorreu entre 22 e 24 de novembro, juntou cerca de 450 participantes de 32 países, entre empresários, pensadores, académicos, políticos, representantes de Igrejas e da sociedade civil, cristãos e também não cristãos, à volta do tema ‘O negócio como uma nobre vocação’.
G.I./Ecclesia:JCP