Papa Francisco critica quem levanta muros e se fecha à universalidade.
O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que os jovens representam um antídoto aos nacionalismos, falando da experiência que viveu na última Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Panamá.
“Ver todas as bandeiras desfilar juntas, dançando nas mãos dos jovens alegres por se conhecerem é um sinal profético, um sinal que vai contra a corrente da triste tendência atual dos nacionalismos conflituosos de hoje, que levantam muros e se fecham à universalidade, ao encontro dos povos. É um sinal de que os jovens cristãos são fermento de paz no mundo”, referiu, esta manhã, durante a audiência pública semanal que decorreu no auditório Paulo VI.
Francisco, que deixou o Panamá este domingo, após cinco dias de visita, falou numa grande “sinfonia de rostos e línguas”, com centenas de milhares de jovens na 34ª JMJ, considerando que esta foi uma festa para toda a América Central, “marcada por tantos dramas e carente de esperança”.
O Papa elogiou o “bonito gesto” de a JMJ ter sido precedida por encontros de jovens indígenas e jovens afrodescendentes, mostrando o “rosto multiforme da América.
A intervenção passou em revista os vários momentos celebrativos da Jornada, como a Via-Sacra, tendo o pontífice confessado que tem consigo uma Via-Sacra de bolso, que reza sempre que tem tempo: “Aí aprende-se o amor paciente, silencioso, concreto”.
No Panamá, os jovens carregaram com Jesus e Maria o peso da condição de tantos irmãos e irmãs sofredores na América Central e no mundo inteiro. Entre eles, há muitas vítimas jovens de diferentes formas de escravidão e pobreza”.
Francisco considerou como “momentos significativos” a liturgia penitencial que celebrou num Centro de Detenção para menores e a visita à Casa-Família “Bom Samaritano”, que abriga pessoas portadoras de HIV.
A reflexão deixou elogios aos jovens que foram capazes de “silêncio e escuta”, no clima de festa que se viveu no Campo São João Paulo II, nas celebrações conclusivas de sábado e domingo.
“Os jovens não são amanhã, sim? Não, são o hoje para o amanhã”, observou o Papa, aos peregrinos reunidos no Vaticano.
O Papa deixou votos de que os responsáveis internacionais apostem nos jovens, “para que não faltem às novas gerações educação, trabalho, comunidade e família”.
No final do encontro, Francisco deixou uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa, particularmente o grupo do Colégio São José de Coimbra.
“Queridos amigos, o mundo precisa de uma Igreja jovem, alegre e acolhedora: renovemos o nosso compromisso para que as nossas comunidades se convertam em lugares onde se faz a experiência do amor de Deus, que não exclui a ninguém. Que o Senhor vos abençoe a todos”, disse.
A audiência geral concluiu-se com uma evocação do fundador dos Salesianos, São João Bosco, “pai e professor de jovens”, cuja memória litúrgica se celebra esta quinta-feira.
“Dom Bosco soube fazer sentir o abraço de Deus a todos os jovens que encontrou, oferecendo-lhes esperança, lar, futuro. Que o seu testemunho nos ajude a considerar quão importante é educar as novas gerações para os autênticos valores humanos e espirituais”, desejou o Papa.
G.I./Ecclesia:OC