Papa Francisco vai presidir a Missa para mais de 130 mil pessoas, a maior de sempre na península arábica.
O Papa Francisco chegou hoje aos Emirados Árabes Unidos, para uma visita marcada pelo diálogo inter-religioso que quer abrir uma “nova página” nas relações entre cristãos e muçulmanos.
Francisco foi recebido pelo príncipe herdeiro, xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan, recebendo flores de duas crianças em trajes tradicionais.
Perante uma guarda de honra, as duas delegações trocaram cumprimentos no salão do protocolo e o Papa saudou o grande imã de Al-Azhar, Ahamad Al-Tayyb, antes de seguir, em viatura fechada, para o Mushrif Palace, a cerca de 30 quilómetros, onde permanece alojado até terça-feira, na ausência de uma Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé) nos Emirados.
No voo para Abu Dhabi, Francisco saudou os jornalistas que o acompanham na viagem, com quem falou sobre o facto de ter chovido nos Emirados, esta manhã, o que é visto como uma “bênção”.
O pontífice foi informado sobre a história de um médico dos Emirados que estudou na Itália e que nestas semanas, por ocasião da viagem e como homenagem ao Papa, decidiu operar gratuitamente uma centena de crianças vítimas da guerra no Iémen.
Estou feliz por esta oportunidade que o Senhor me ofereceu para escrever, na vossa querida terra, uma nova página da história das relações entre as religiões, confirmando que somos irmãos, mesmo sendo diferentes”, referiu o pontífice, numa videomensagem divulgada antes da sua deslocação.
Francisco sublinha que a fé em Deus “une e não divide, aproxima, não obstante a diferença, afasta da hostilidade e da aversão”.
O Papa saúda em árabe a população do país – “Al Salamu Alaikum, a paz esteja convosco” -, mostrando-se satisfeito por visitar os Emirados Árabes Unidos, uma “terra que procura ser um modelo de convivência, de fraternidade humana e de encontro entre as diferentes civilizações e culturas, onde muitos encontram um lugar seguro para trabalhar e viver livremente, no respeito das diversidades”.
Francisco agradece ao xeque Mohammed bin Zayed pelo convite para participar no encontro inter-religioso sobre o tema da ‘Fraternidade humana’, que se realiza na segunda-feira à tarde, em Abu Dhabi.
O lema da 27ª viagem internacional do atual pontificado é tirado da oração de São Francisco de Assis: “Senhor, faz de mim um instrumento da tua paz”.
A videomensagem do Papa deixa ainda uma saudação ao “amigo e querido irmão”, o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, e aos que colaboraram na preparação do encontro.
Nesta segunda-feira, ao meio-dia (08h00 em Lisboa), decorre a cerimónia de boas-vindas na entrada do Palácio Presidencial, seguida da visita oficial ao príncipe herdeiro; de tarde, após um encontro privado com os membros do Conselho Muçulmano de Anciãos (Muslim Council of Elders) na Grande Mesquita do xeque Zayed, decorre um dos momentos centrais da viagem, o encontro inter-religioso no qual o Papa vai proferir um discurso.
Na terça-feira, Francisco visita a Catedral de Abu Dhabi e, às 10h30, preside à Missa no Zayed Sports City, com uma assembleia que vai superar as 130 mil pessoas.
A maior Missa de sempre na península arábica vai ser animada por um coro de 120 pessoas, sobretudo emigrantes, oriundas das nove igrejas dos Emirados Árabes Unidos.
O dia 5 de fevereiro foi declarado feriado para funcionários do setor privado que sejam detentores de licenças para participar na Missa presidida pelo Papa.
Mohammed bin Zayed, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, recorreu à sua conta da rede social Twitter para deixar uma mensagem de boas-vindas ao Papa.
“Saudamo-vos calorosamente, Santo Padre, Papa Francisco, e ansiamos pelo histórico Encontro de Fraternidade Humana entre si e sua eminência o Dr. Ahmad Al Tayyeb, grande imã de Al-Azhar Al Sharif, em Abu Dhabi. Temos a esperança de que as gerações futuras prosperem em paz e segurança”, escreveu.
A Santa Sé e os Emirados têm relações diplomáticas desde 2007 e em 2010 o país árabe nomeou uma embaixadora no Vaticano, Hissa Al Otaiba.
Os Emiratos Árabes Unidos e a Fundação Varkey convidaram em 2016 as ‘Scholas Occurrentes’, um projeto criado pelo Papa, a organizar uma experiência-piloto com os jovens do Dubai, a primeira desta rede educativa promovida num país muçulmano.
Segundo o relatório 2018 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, os cristãos são 12,4% da população dos Emirados (9,2 milhões de pessoas); os muçulmanos, 76,7%, não têm direito a mudar de religião e a apostasia do Islamismo é punível com a morte.
G.I./Ecclesia:OC