D. Manuel Clemente disse que «falou longamente» com uma vítima de abuso reafirmando a sua disponibilidade para escutar.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou à Agência ECCLESIA que tem uma “expectativa grande” no Encontro sobre Proteção de Menores na Igreja e disse que “falou longamente” com uma vítima de abuso, reafirmando a disponibilidade permanente de escuta.
“A nossa disponibilidade foi ativa. E no meu caso foi ativa e repetidamente assim dita. E, por isso, apareceu um acaso de uma pessoa que quis falar comigo. E falou… Falou longamente comigo, eu ouvi e com certeza que estive com essa pessoa no seguimento do caso”, afirmou D. Manuel Clemente.
O cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) participa no Encontro sobre Proteção de Menores, que vai decorrer no Vaticano a partir desta quinta-feira e até ao dia 24 por iniciativa do Papa Francisco, reunindo, de forma inédita, os presidentes dos episcopados de todo o mundo.
“Em muito boa hora o Papa Francisco quis alargar à Igreja mundial, de uma maneira mais intensa com esta convocação, a sua preocupação e o seu empenho em ultrapassar e resolver um problema que é grave e precisa de ser resolvido”, afirmou D. Manuel Clemente, reafirmando a sua disponibilidade para ouvir as vítimas.
“Se formos parte do problema, agora temos de ser parte da solução”, afirmou o cardeal-patriarca de Lisboa.
O presidente da CEP sublinhou a disponibilidade para “fazer mais e melhor para evitar situações destas e para que haja uma verdadeira conversão aos valores evangélicos, na intenção e na prática”, reafirmando uma disponibilidade que “era e é sempre completa”.
D. Manuel Clemente lembrou que, “desde o princípio” os bispos de Portugal afirmaram uma “disponibilidade grande para escutar quem quisesse conversar ou estivesse disponível para isso”, uma “disponibilidade ativa”.
Em conversa com a Agência ECCLESIA sobre o significado desta expressão, D. Manuel Clemente referiu que tomou a iniciativa de dialogar com vítimas de abusos sexual que são conhecidas da opinião pública, o que acabou por não se concretizar tendo em conta o maior interesse e proteção das vítimas, expresso na desmotivação que têm em revisitar esses momentos e ainda menos na sua divulgação.
“Claro está que não forçamos ninguém a conversar daquilo que não quiser conversar, mas a disponibilidade era e mantém-se ativa”, acrescentou o presidente da CEP.
D. Manuel Clemente disse que o Encontro sobre Proteção de Menores que vai decorrer no Vaticano é uma “uma ocasião de reflexão, de escuta, de partilha, para se encontrar, como o Papa disse, as melhores indicações para resolver, ainda mais e melhor e sobretudo prevenir, casos destes”.
“É essa a intenção do Papa, é essa a intenção de todos nós para encontrarmos a melhor maneira de ultrapassar um problema, que é um problema grave e que precisa de ser ultrapassado”, afirmou o presidente da CEP.
O Encontro sobre Proteção de Menores na Igreja vai reunir 190 participantes no Vaticano, entre esta quinta-feira e domingo, contando com a presença do Papa em todas as sessões de trabalho e momentos de oração; O Papa Francisco vai concluir os trabalhos com um discurso pronunciado após a Missa da manhã de domingo, na sala régia do Palácio Apostólico, com transmissão online, à imagem do que acontece com os principais momentos do evento.
G.I./Ecclesia:PR