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Cardeal Sean O’Malley recorda consequências de uma cultura de silêncio e encobrimento.

O cardeal Sean O’Malley, arcebispo de Boston e presidente da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores, criada pelo Papa, disse hoje que os bispos têm a “obrigação moral” de comunicar casos de abusos às autoridades civis.

Falando no segundo dia da cimeira convocada por Francisco, para debater o tema, o cardeal norte-americano deu o exemplo dos EUA, onde apesar de cada Estado ter legislação própria sobre o dever de denúncia, a Conferência Episcopal assumiu esta “obrigação moral” de relatar os casos às autoridades civis, “para a segurança das crianças”.

“Durante muito tempo, estes casos não foram reportados”, recordou o arcebispo de Boston, sublinhando as consequências negativas dessa cultura de silêncio e encobrimento.

“Qualquer bispo que tenha conhecimento deste tipo de conduta deve comunicá-la à Santa Sé e não encobrir”, diria depois, evocando a demissão do estado clerical do antigo cardeal McCarrick.

O mesmo tema foi abordado por D. Charles Scicluna, membro da comissão organizadora e secretário-adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), recordando que as atuais orientações do Vaticano convidam os bispos a seguir as leis civis de cada país.

Não podemos deixar no ministério ninguém que possa fazer mal aos jovens”.

O arcebispo maltês sublinhou que, numa carta-circular da CDF, com data de 2001, na qual se dão orientações para “respeitar a lei do Estado, no que diz respeito a esta obrigação”.

O cardeal O’Malley, arcebispo de uma das dioceses mais afetadas pelos escândalos de abusos sexuais, evocou o “sofrimento e traição” de muitas crianças e adultos vulneráveis.

O responsável, um dos mais diretos colaboradores do Papa neste campo, disse que é necessário abordar com “seriedade” a crise dos abusos sexuais e os danos que causaram às vítimas, sublinhando que o encontro com estas é “uma experiência que muda a vida”.

Para o presidente da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, o que acontece num país “afeta todo o mundo” na atual “aldeia global”, levando a uma “perda de confiança” na Igreja Católica.

Nesse sentido, mostrou-se partidário da “remoção do ministério público”, como pena universal.

O cardeal norte-americano admitiu que há “graves lacunas” que têm de ser resolvidas “urgentemente”, mas mostrou-se confiante com o desenrolar dos trabalhos da cimeira de presidências de conferências episcopais e responsáveis de institutos religiosos, iniciada esta quinta-feira e que se conclui este domingo.

“Sinto-me muito encorajado pelo que vi”, realçou.

Temos de começar por pôr a nossa casa em ordem”.

Já o cardeal Blase Cupich, arcebispo de Chicago e membro da comissão organizadora, destacou a necessidade de que “todos tenham uma voz” e de se chegar a “medidas concretas”, como o Papa pediu.

Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, falou dos temas abordados nos trabalhos de grupos, frisando que as vítimas não devem ser vistas como “ameaça” à Igreja, mas como seus “membros”.

Em cima da mesa esteve ainda a questão da relação entre homossexualidade e abusos sexuais, que tem gerado várias discussões.

O Vaticano informou que a cimeira sobre a proteção de menores conta com a colaboração de Marta Santos Pais, representante especial do secretário-geral das Nações Unidas sobre a Violência contra Crianças, tendo sido distribuída aos 190 participantes a documentação da ONU sobre esta matéria.

O programa da cimeira prossegue, este sábado, com um dia de trabalhos dedicado ao tema da “transparência”, que culmina com uma Liturgia Penitencial, na sala régia do Palácio Apostólico do Vaticano, que inclui o testemunho de uma vítima de abusos.

G.I./Ecclesia:OC

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