Paulo Ribeiro destaca «batalha» da publicidade institucional, que não chega à imprensa regional.
O presidente da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) afirmou hoje que a comunicação social “vive um problema de sustentabilidade” e destaca a “batalha” da publicidade institucional, que não está a “ser aplicada à comunicação social regional”.
“A AIC fez um estudo e constatamos que das entidades públicas, que são muitas centenas no nosso país, apenas pouco mais de 70 estão reportadas na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) e poucas fazem a publicidade de acordo com este regime local”, alertou Paulo Ribeiro.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o responsável explica que está “consignado na lei que 25%” da publicidade do Estado para divulgação dos seus atos públicos “deve ser aplicado à comunicação social regional”, algo que “não está a acontecer há muitos anos”.
“Essa publicidade institucional fica-se pelos órgãos nacionais”, salientou, dando como exemplo a “campanha recente” do Governo sobre a limpeza das florestas, que “não chegou” à imprensa regional nem às rádios locais, que “estão mais perto das populações”.
“O próprio Estado não cumpre aquilo a que se propôs”, observa, na entrevista realizada no contexto da assembleia-geral da associação que vai decorrer esta sexta-feira, em Fátima.
O presidente da AIC lembra que houve reuniões com “todos os grupos parlamentares” na Assembleia da República, nas quais se deixou a proposta de atualizar o patamar dos “15 mil euros para os 2500 euros”, para que possam existir mais campanhas de publicidades na imprensa regional e local.
“Um partido acolheu a nossa sugestão e está já um diploma em discussão na Assembleia da República”, adianta, sublinhando que a Comunicação Social “vive um problema de sustentabilidade” e esse assunto “está no centro da atuação” da atual direção da associação, no final do primeiro ano de mandato.
Paulo Ribeiro assinala que os jornais “necessitam de mais receitas”, “sem onerar o Orçamento de Estado”, por isso, afirma não querem “mais impostos para financiar a Comunicação Social” mas que a parte que lhes é “legalmente atribuída, seja efetivamente distribuída”.
Segundo o entrevistado, com a falta de meios financeiros “há dificuldades” em ter profissionais que garantam “informação com mais qualidade ou mais diversificada”.
“Nunca foi tão importante que haja jornalismo para que a informação seja credível, verificável e confirmada, para que as pessoas possam ter esse cunho de qualidade”, destaca o também chefe de redação do jornal regional ‘Alvorada’, da Lourinhã.
Neste contexto, deu como exemplo o que acontece com as redes sociais e as fake news (notícias falsas); a AIC tem estado envolvida “na procura de soluções junto do poder público”, para o “reforço da informação jornalística”.
A Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, que representa cerca de 170 títulos, “um segmento muito importante da comunicação social portuguesa”, vai reunir-se em assembleia geral, no Hotel Pax.
“Temos muita força, temos muita representatividade, se somarmos a tiragem de todos os órgãos de imprensa regional superam e muito a tiragem dos órgãos nacionais”, realçou Paulo Ribeiro, para quem a informação regional e local “é complementar à imprensa nacional”.
G.I./Ecclesia:PR/CB/OC