Encontro nacional de alunos do ensino secundário marcado por gesto de solidariedade com uma região que foi fustigada pelos incêndios.
O Encontro Nacional de Alunos do Ensino Secundário da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) levou a Viseu mais de 1600 jovens de todo o país, numa iniciativa centrada em temáticas como a inclusão, o cuidado pelo bem-comum e a salvaguarda do planeta.
Em entrevista à Agência ECCLESIA e ao Secretariado Nacional da Educação Cristã, da Igreja Católica em Portugal, o coordenador da disciplina, professor Fernando Moita, realçou a importância da disciplina de EMRC cumprir com aquela que é a sua “grande missão, tornar cada criança, adolescente e jovem mais humano”.
E isso implica, frisou aquele responsável, ir “com ousadia” ao encontro daquelas temáticas que estão mais em foco hoje em dia na sociedade, como apela o tema do encontro nacional deste ano, ‘Abeira-te’.
Confrontado com o debate que tem rodeado a presença desta disciplina nas escolas, Fernando Moita sublinhou que o mais importante não são as matrículas ou os números.
“Não andamos à procura nem de uma estatística nem de um ranking, andamos à procura de ser fiéis àquilo que nos preside, que é contribuir para que cada um destes jovens, com a disciplina de EMRC, redescubram o seu projeto de vida e a sua função e o seu papel na sociedade”, salientou.
A nona edição do ENES – Encontro Nacional do Ensino Secundário da disciplina de EMRC -, que termina este sábado, teve como um dos pontos altos um gesto de solidariedade protagonizado pelos alunos participantes em favor da região de Viseu.
Tendo em mente que este território foi um dos mais afetados pelos incêndios dos últimos anos, cada escola presente no encontro trouxe uma árvore e ofereceu-a à autarquia local, para ajudar à reflorestação desta zona.
“Vivemos um momento na história da humanidade em que há uma crise de humanismo, e nós tentamos despertar isso nos alunos, mesmo nestes detalhes, nestes pequenos pormenores do dia-a-dia, na atenção ao outro, no cuidado com o outro, com a natureza”, apontou a professora Lígia Pereira, que integra a equipa nacional de EMRC.
O apelo a esta responsabilidade ecológica, como refere a encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, esteve presente neste gesto simbólico mas também em muitos outros sinais visíveis no encontro.
Cada jovem foi por exemplo desafiado a trazer de casa a sua tigela e a sua colher, para evitar a utilização do plástico ou de outros materiais nocivos ao meio-ambiente.
“Todo este cuidado é fundamental para que o jovem sinta que é uma peça fundamental num mundo melhor”, acrescentou Lígia Pereira.
O bispo de Viseu, D. António Luciano, foi o anfitrião deste 9.º Encontro Nacional do Ensino Secundário da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.
Para aquele responsável, que deu aulas de EMRC, é uma alegria ver “tantos jovens que, com vida e esperança, trazem a alegria dos valores que procuram e encontram nas aulas de EMRC”.
“A dimensão da fé passa por aqui mas também pelos valores humanos, morais, éticos e pelos valores que hão de também proporcionar uma nova cidadania”, completou D. António Luciano.
João Cardoso veio de Évora para integrar este encontro e realçou a oportunidade de participar numa “experiência diferente” que permitiu colocar em prática, “no terreno”, aquilo que vai sendo abordado ao longo do ano nas aulas.
“Estamos a trabalhar com as pessoas, em vez de estarmos sentados na sala de aula a falar sobre o que é ajudar o próximo. Estamos a realizar a teoria, estamos a praticá-la”, indicou.
Já Beatriz Simões, que veio de Gouveia, destacou a possibilidade de com a disciplina de EMRC, “falar sobre assuntos atuais, que são importantes para o seu desenvolvimento”.
Depois de esta sexta-feira, o ENES 2019 ter começado com atividades de confraternização e animação, com muita festa e música no Pavilhão Multiusos de Viseu, e a participação de artistas como o cantor Matay e o padre Guilherme Peixoto, que foi o ‘DJ’ de serviço, este sábado o evento prosseguiu com um peddy papper pela cidade de Viseu, orientado para a temática do desperdício de papel.
A iniciativa terminou ao início da tarde, com uma intervenção de D. António Luciano e um concerto do padre e músico Victor, de Castro Daire.
G.I./Ecclesia:JCP