Fundada sobre os escombros de uma guerra que matou milhões de pessoas e devastou económica e socialmente a Europa, a comunidade dos países europeus alicerçada em longas tradições intelectuais, morais e espirituais, ergueu o que pretendia ser uma sociedade de nações mais justas e humanas e onde a guerra não mais tivesse lugar.
O desafio na construção de uma unidade europeia fundada em valores comuns a todos os países aderentes assenta na manutenção da diversidade de culturas, hábitos e vivências num espaço que recolhe e promove essa diversidade criativa em paz e em democracia, numa verdadeira comunidade civilizacional. Esta ideia de comunidade assente em regimes democráticos num ambiente de liberdade tem contribuído de forma persistente e em progressão contínua para a promoção dos valores humanistas em que a cidadania, o desenvolvimento social, a solidariedade e a justiça social não têm paralelo no mundo atual. Contudo, os recentes desenvolvimentos económicos e sociais têm vindo a ser acompanhados pelo crescimento de obstáculos à construção de uma unidade europeia de comunidades que podem vir a pôr em causa os valores e o bem-estar em que esta comunidade
vinha caminhando. As ideias autocráticas, sectárias e estigmatizantes em ascensão, têm vindo a fazer o seu caminho fruto da progressiva desvalorização da pessoa humana e, em particular, do combate ao desemprego, à pobreza e à exclusão social. Retomar o caminho da solidariedade e da justiça social constitui um objetivo
que urge manter como prioridade, hoje ainda de forma mais intensa e persistente. Perante este horizonte é fundamental impedir que seja desbaratado o capital de valores onde assenta a comunidade de países europeus. Com as eleições europeias que se aproximam serão legitimados os atores políticos que nas Instituições Europeias vão determinar as regras que orientam e condicionam, de forma cada vez mais vasta, a nossa vida social. A todos estes
já nos dirigimos através de carta veiculada pela Cáritas Europa. O contributo de todos os portugueses através do voto é fundamental para que a comunidade de países possa prosseguir no caminho de uma Europa unida pelo reforço do espaço de liberdade, paz e justiça social. Onde cada cidadão usufrua do bem-estar necessário à sua vida em felicidade. Por tudo isto, a Cáritas Portuguesa apela veementemente a todos os cidadãos para que no dia 26 de maio não se abstenham de exercer o seu direito de voto. Só desta forma conseguiremos o reforço de uma europa virada para a construção do séc. XXI, inspirada nos valores que promovem a felicidade dos cidadãos, onde cada uma e todas as pessoas se sintam relevantes no percurso para a criação do bem-estar e felicidade individual e coletiva, sem estigmas e, assim, a pobreza e a exclusão social sejam de vez erradicadas. A Europa reencontra esperança, quando investe no desenvolvimento e na paz. O desenvolvimento não é fruto de um conjunto de técnicas produtivas; mas diz respeito ao ser humano inteiro: a dignidade do seu trabalho, condições de vida adequadas, a possibilidade de acesso à instrução e aos cuidados médicos necessários.
G.I./J.B.:Cáritas portuguesa