ACNUR regista 164 vítimas mortais em 2019 vindos da Líbia, num total de 683 mortes no Mediterrâneo desde o início do ano.
Os Médicos Sem Fronteiras na Líbia estimam que 150 pessoas tenham perdido a vida num naufrágio esta quinta-feira, provenientes de duas embarcações vindas de Trípoli.
“A terrível notícia deste novo trágico naufrágio demonstra, mais uma vez, o altíssimo preço em vidas humanas da atual situação na Líbia. Mostra também a falta de uma adequada capacidade de busca e socorro no mar Mediterrâneo”, afirmou Julien Raickman, chefe da missão dos Médicos Sem Fronteira na Líbia, citado pela Vatican News.
Os dois barcos, com 300 pessoas no total, naufragaram a 120 km de Trípoli, na Líbia, nas proximidades de Khoms.
“A guarda costeira líbia resgatou 137 deles e recuperou um corpo sem vida”, regista o jornal «The Guardian», mantendo-se desaparecidas 150.
Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, afirmou tratar-se da pior tragédia de 2019 no mar Mediterrâneo e pediu a retoma das operações de resgate, assim como o fim das detenções de refugiados e migrantes na Líbia.
“Aumentem os itinerários seguros fora da Líbia. Estas medidas devem começar agora, antes que seja tarde demais para muitas pessoas desesperadas”, afirmou.
O ACNUR regista 164 vítimas mortais em 2019, vindos da Líbia, num total de 683 mortes no Mediterrâneo desde o início do ano e 426 mortes nas ‘rotas negras’, oriundos da Argélia, Tunísia ou Líbia em direção a Malta ou Itália.
“Há mais de 100 desaparecidos, dos quais muitos podem ter-se afogado, segundo os primeiros testemunhos dos sobreviventes atendidos pelos MSF. A equipa atendeu os casos mais graves e prestaram os primeiros socorros. Os pacientes estavam em estado de choque com sintomas de pré-afogamento como hipoxia e hipotermia”, regista Julien Raickman
A ONG «Save the Children» considera “absolutamente inaceitável” a posição da Europa que adjetiva de “indiferente”, perante os factos.
“Enquanto a situação da segurança na Líbia piora a cada dia os refugiados e migrantes têm poucas opções: ou ficam presos no país, tentam a travessia do Mediterrâneo ou do deserto do Sahaara”, lembra a organização, registando que entre os migrantes “há muitos menores, adolescentes e algumas vezes até crianças que viajam sozinhas”.
Salvar vidas, sublinham, “deveria ser a principal preocupação dos Estados membros da União Europeia”, e simultaneamente “multiplicar esforços para encontrar itinerários seguros longe das áreas de crise” de forma a evitar que “milhares de pessoas” coloquem a sua vida em risco, através de traficantes, e atravessem o Mediterrâneo.
G.I./Ecclesia:LS