Voluntários abriram o «restaurante da amizade» para os refugiados da ilha de Lesbos.
A Comunidade católica de Santo Egídio está a promover férias solidárias com refugiados em campos Lesbos e Samos, na Grécia, com 150 voluntários, jovens e adultos, e um grupo de mediadores culturais, que levam “solidariedade e amizade”.
“Em cada jantar, em cada brincadeira, em cada abraço, conseguíamos partilhar um momento de verdadeira alegria. Um dos dias fomos todos passear e durante o almoço sentimos o sonho a tornar-se realidade, onde estávamos todos juntos como uma grande família, onde se confundia quem ajudava de quem era ajudado”, refere Rita Gomes, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A voluntária portuguesa, da comunidade de Santo Egídio em Lisboa, diz que conheceu “pessoas muito meigas e amigáveis”, muitas famílias, muitas crianças que “mereciam muito mais” do que viver nos campos, “onde tudo é contado e partilhado” e uma tenda pode ser para três famílias.
“Foi chocante ver as condições em que realmente vivem e crescem todas aquelas crianças, ouvir as suas histórias, das guerras que fugiam…E como depois de arriscarem tudo para chegar à Europa, todas estas famílias e crianças estão presas nesta ilha de Lesbos só porque a Europa tem medo delas”, acrescentou.
A Comunidade de Santo Egídio Portugal destaca que a organização “decidiu imediatamente” abrir o “restaurante da amizade” para os refugiados, onde “podem jantar à mesa todos juntos”, todas as noites, de segunda a sexta-feira.
“Quem chega, sozinho ou acompanhado pela sua família, é sentado à mesa e podem desfrutar um jantar com arroz, carne e legumes, ao redor das mesas junto com comida boa e muita amizade”, acrescenta o comunicado, salientando que o número vai aumentando.
Para além do “restaurante da amizade”, os voluntários dinamizam também “escolas da paz” perto do campo de Moria, “cursos de inglês, festas, almoços”, visitas a museus e momentos de partilha e intercâmbio cultural.
“A cada 10 dias, cerca de 30 voluntários de Santo Egídio ‘desembarcaram” em cada ilha e com eles chega solidariedade e amizade”, refere a organização católica, adiantando que os voluntários das “várias comunidades pela Europa”, vão permanecer nas duas ilhas gregas, até ao dia 31 de agosto.
Daniela Moretti realça que “muitos falam sobre migrantes, mas poucos os conhecem” e cita o Papa Francisco, lembrando que “os migrantes não são números, mas são pessoas”.
“Quando se está em frente a uma pessoa não vemos que ela é mais um problema social mas os problemas dessa pessoa”, acrescenta a voluntária da comunidade de Santo Egídio em Roma.
Esta iniciativa na Grécia surgiu depois da visita de uma delegação aos refugiados e o fundador de Santo Egídio, Andrea Riccardi, viu a necessidade de “um programa mais amplo de verão dedicado à solidariedade”.
“Lesbos e Samos não são apenas duas belas ilhas gregas” mas o ponto de desembarque de “milhares de refugiados” – especialmente da Síria e do Afeganistão, e também dos Camarões, do Congo e de Angola – e contabiliza que em Lesbos estão cerca de oito mil refugiados: 6500 vivem em Moria, 1300 nos campos satélites, dos quais o maior é Kara Tepe, e mais de 200 em apartamentos.
A Comunidade de Santo Egídio conhecida como a “pequena ONU católica” foi fundada no bairro italiano de Trastevere, em Roma, em 1968.
Em 2014, a comunidade recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian pela sua ação em favor da paz no mundo e junto dos mais pobres.
G.I./Ecclesia:CB/OC