Empresários cristãos analisaram as propostas de oito partidos candidatos às Legislativas.
Os jovens profissionais da ‘ACEGEnext’, ligados à Associação Cristã de Empresários e Gestores, promoveram hoje uma sessão de reflexão sobre “conciliação família e trabalho”, depois de analisar as propostas de oito partidos políticos às eleições de 6 de outubro.
“Já há uma consciencialização maior sobre este tema, está a crescer como um tema relevante nos programas eleitorais, mas o principal desafio, e esse é o nosso objetivo, é haver uma consciencialização total”, disse hoje Bernardo Vasconcelos, em declarações à Agência ECCLESIA.
O responsável pela GeraçãoNext, constituído por jovens profissionais dos 20 aos 40 anos, exemplifica, sobre o tema ‘conciliação família e trabalho’, que “não se podem só melhorar o horário de trabalho” ou “dar mais subsídios e as pessoas vão conseguir conciliar melhor a sua família, ou flexibilizar o trabalho ou colocar uma creche”.
“Não é por uma ou outra medida que isto vai virar, é sim, se este tema família for um pilar na estratégia do Governo, e em Portugal vamos poder assumir como um país familiarmente responsável”, desenvolveu à margem do encontro no CUPAV – Centro Universitário Padre António Vieira, em Lisboa.
Bernardo Vasconcelos contextualiza que há dois anos fizeram um estudo e este tema era das “preocupações principais dos jovens”, com a parte económica e a da saúde.
Neste contexto, os jovens profissionais quiseram conhecer o que pensam sobre ‘conciliação família e trabalho’ quem se propõe governar Portugal para que possam “ganhar com isso e perceber” se “está a ir de uma forma correta ou é preciso medidas totalmente diferentes para serem implementadas”.
“Famílias mais bem vividas vão proporcionar criar trabalhadores mais confortáveis no sítio onde trabalham. Se a minha família estiver bem também consigo produzir melhor”, realça.
Dos 21 partidos candidatos às eleições legislativas de 6 de outubro, a ‘ACEGEnext’ analisou propostas do PS, do PSD, do BE, da CDU (PCP-PEV), do CDS-PP, do PAN, da Iniciativa Liberal e do Partido Aliança.
Bernardo Figueiredo que leu a proposta do CDS-PP considera que “todo o programa eleitoral está virado para a família”, mas “não é dedicado em exclusivo” e realça que a conciliação família-trabalho “preocupa os partidos, uns de uma forma mais concreta, outros de uma forma genérica”.
“Há outros partidos que falam de família, mas têm conceção de família diferente. Hoje em dia temos de ter essa preocupação, não apenas as famílias monoparentais, que é transversal a todos, mas depois também as famílias não tradicionais e há partidos que têm essa preocupação”, desenvolveu.
Aos 39 anos, o gestor que tem uma empresa de consultadoria estratégica, “onde colocam a dimensão humana na gestão das empresas”, é casado, pai de dois filhos e “a família é um pilar e não pode descurado”.
Neste contexto, conta que trabalhou na Banca, mas demitiu-se, “precisamente porque não conseguia conciliar o trabalho com a família”, quando a esposa estava grávida do segundo filho e “o mais velho entrou para a escola”.
O responsável pela GeraçãoNext, destaca ainda que “este desafio” de ler os programas eleitorais “foi também pessoal”, uma vez que, em conversas informais, descobriram “que não é um hábito tão comum das pessoas”, por isso, querem “desafiar os jovens a estarem mais alerta, a lerem, a preocuparem-se” e ao voto consciente.
“A votarem sabendo o que estão a votar e não por tradição ou por costume. É tornar esta geração mais ativa nestas medidas que estão a ser implementadas e o tema conciliação família trabalho é superimportante”, desenvolveu Bernardo Vasconcelos.
À Agência ECCLESIA, Maria do Carmo Vitorino, 23 anos, explica que não leu nenhum programa eleitoral completo, mas “excertos” para “apoiar” as pessoas que tinham essa responsabilidade e considera que a experiência “foi positiva, mas algumas vezes custou um bocadinho, não é leitura aliciante, é política”.
“É difícil a pessoa ficar aliciada a ler, é muito pouco provável. Os partidos deveriam pensar como chegar às pessoas, como especificar as suas medidas e explicar-lhes de forma mais rápida e prática. Por outro lado, deve haver um documento oficial, mas apresentar uma segunda hipótese”, sugeriu a jovem de 23 anos.
Com um curso em Gestão, Maria do Carmo Vitorino, atualmente, faz parte da equipa ACEGEnext, teatro musical e afirma que, desde sempre, o tema da conciliação família-trabalho “interessou”, mas na sua área de formação conseguiu “perceber que esse não era o estilo de vida que queria”.
“A pessoa é feliz quando consegue ter esse equilíbrio entre a vida pessoal e profissional”, acrescenta.
Estes jovens profissionais fazem parte da Associação Cristã de Empresários e Gestores e o seu secretário-geral disse que este tema “é central” e refere que, “muitas vezes”, sentem que “há quase uma esquizofrenia de vida entre o que o gestor é na empresa e o que é em casa, com os amigos”.
“Muitas vezes esta divisão enfraquece a pessoa e cria problemas muito graves”, alertou Jorge Líbano Monteiro, adiantando que sensibilizam os associados em conferências e encontros e têm o “instrumento de certificação EFR – Empresas Familiarmente Responsáveis” que estão a propor às empresas.
A Associação Cristã de Empresários e Gestores, associação sem fins lucrativos, tem por lema inspirar líderes a viver o Amor e a Verdade no mundo económico e empresarial e a dar testemunho junto da Comunidade.
Recentemente, os bispos portugueses apelaram ao voto, recordando princípios fundamentais do pensamento social católico, e a Conferência Episcopal espera “participação ativa”.
G.I./Ecclesia:CB