Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A EUCARISTIA SOLENE DA RESSURREIÇÃO

Jesus está vivo

1. Eis o dia que fez o Senhor, n’Ele exultemos e nos alegremos! Cristo o nosso Cordeiro Pascal, foi imolado, n’Ele exultemos. Alegrai-vos, ó Virgem Maria! Alegrai-vos, porque o vosso Filho Ressuscitou!… Aquele que morreu na Cruz, que foi depositado no sepulcro, está vivo.

Queridos irmãos e irmãs em Cristo Ressuscitado, queridos sacerdotes, diáconos, todos aqueles que nos acompanhais através destes meios de comunicação; todos aqueles que no hospital, no lar, em casa ou noutro espaço, sentem ainda o drama da morte, do sepulcro, convido-vos, na alegria da Páscoa, a contemplar o Ressuscitado.

O sepulcro está vazio… Cristo Ressuscitou…! Era essa a grande mensagem que nos vinha do Evangelho que foi proclamado. Era de manhãzinha, Maria Madalena vai ao sepulcro, encontra a pedra do sepulcro rolada, mas o Senhor não está lá. Ele já lhe havia dito, que havia de preceder os seus irmãos na Galileia: Vai dizer a Pedro e aos meus irmãos, que Eu estou Vivo que Eu quero estar com eles... Mas agora, também nesta manhã, é Pedro e João que vão ao túmulo. Diz-nos o texto que João antecipou-se e viu as ligaduras e o Sudário; a pedra do Sepulcro estava rolada, mas, como chegou primeiro, não entrou. Esperou por Pedro.

 

2. No mundo em que vivemos, devido muitas vezes a uma vida de stress e de agitação, não sabemos dar prioridade àqueles que têm o primeiro lugar. Aqueles que têm o primeiro lugar são: os pobres, os simples, os humildes, os doentes, as vítimas desta pandemia. Os que têm o primeiro lugar são aqueles que, à maneira de Jesus, servem e ensinam os outros a servir. Por isso é que Cristo ressuscitou. Ele é o que está vivo! vivo para nos dar a vida e para nos ensinar também a viver e a sermos também consolação para os nossos irmãos.

 

3. Por isso, na primeira leitura, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos, nesta grande pregação do anúncio do Kérigma – Cristo que foi morto, mas ressuscitou – Pedro anuncia à terra inteira, especialmente aos cristãos, que Aquele que passou a vida a fazer o bem; Aquele que curou os doentes e que multiplicou os pães e os peixes; Aquele que na última Ceia se deu em alimento e nos deu a alegria de servirmos o mandamento novo; esse é o mesmo Jesus: Aquele que vós matastes, está vivo ressuscitou e é esse que nós devemos anunciar ao mundo de hoje (cf. At 10,34-37).

É um mundo empobrecido por causa desta pandemia Covid-19, mas um mundo também pobre de valores, também pobre de relação; um mundo que não sabe ser próximo e, por isso, tem dificuldade de amar, de acolher, de viver, de ressuscitar e de reencontrar caminhos novos para que outros ressuscitem. É este o mistério da Páscoa: ressuscitarmos com Cristo, morrendo para o pecado e vivendo para a graça e ensinarmos os nossos irmãos, os membros das nossas comunidades, em caminho de Batismo, a viver na graça de Deus, para sermos santos.

Por isso, dizia o Apóstolo na segunda leitura da Carta aos Colossenses: “Aspirai às coisas do alto” (cf. Col 3,1-4) para sermos homens novos, com Cristo, o Homem Novo, o Ressuscitado. Sermos, como Paulo, João e Pedro, testemunhas de Jesus Cristo, o Ressuscitado.

 

4. O mundo de hoje, a começar pelo mundo da dor e do sofrimento, da desolação e da falta de esperança, mas também no mundo sanitário, no mundo do trabalho, no mundo do governo, da economia ou da própria liderança e da própria vida da Igreja sabermos que está nesta expectativa de que o sepulcro vazio é para todos a imagem de que Jesus Cristo ressuscitou.

As imagens, nestes dias, quer do Papa Francisco, quer de tantos outros irmãos pelo mundo fora a clamar a justiça, a paz, o amor, o fim de guerra, são para nós um apelo a vivermos esta Páscoa de modo diferente. Sim, fiquemos em casa! Como dizia o nosso Presidente da República: “com coisas sérias não se brinca”. Precisamos todos de dar as mãos e, ficando no nosso lar, nessa Igreja doméstica, celebrar a verdadeira vida. Como é belo aquele hino da liturgia Pascal: “Este é o dia glorioso em que Cristo triunfou na alegria da mais bela primavera”. Sim, Ele triunfou, apesar de continuarmos num mundo que nos parece ainda de Sexta Feira Santa e, por isso, neste Domingo de Páscoa, eu pergunto de novo: Que mal te fiz eu, Senhor? Que mal te fez esta humanidade? Desgostei-te, não correspondi à tua graça, não realizei a tua vontade? Fiquei indiferente?… Que mal te fiz eu? Responde-me

 

5. O pecado, a injustiça, a indiferença, o ateísmo, a falta de fé e de valores, a falta de respeito pela natureza e pela dignidade da pessoa humana talvez sejam a causa de tão grandes e nefastos males. Oxalá, irmãos e irmãs, que o mundo inteiro e todos os países da Europa, com os seus governantes, consigam dar as mãos em solidariedade e se coloquem ao serviço das pessoas, especialmente dos doentes, das vítimas desta pandemia, das instituições que tem que acolher e socorrer, ou dos hospitais improvisados, qual Igreja em campanha, de ir e de sair, mas de construir também este Hospital (a Igreja) que é a Casa do acolhimento, que é a Casa da hospitalidade. E é isto, afinal, que nós encontramos no coração de Cristo Ressuscitado. Talvez o mundo de hoje tenha que aprender, com inteligência e também com a fé, a valorizar mais os afetos do coração, a não se deixar apenas conduzir pelos sentimentos, nem pela sabedoria da razão, mas também pela vivência dos dons do Espírito Santo, para que, no serviço a este mundo vulnerável e frágil, nós possamos ajudar a construir o mundo novo.

 

6. Neste dia em que habitualmente recebíamos a sua Cruz enfeitada nas nossas casas, deixai-me que vos diga como fazemos este ano a Visita Pascal: O Senhor Ressuscitado faz-nos hoje a sua visita Pascal. Primeiro, para ouvirmos a sua Palavra e a tomarmos a sério; depois, para o comungarmos espiritualmente. E nessa cruz que na vossa casa tendes enfeitada, Ele vos visita. Ele vem ao vosso encontro, dá-vos a todos a alegria da sua presença, dá-vos um coração aberto aos dons do seu Espírito e dá a cada um de nós a possibilidade de produzir o fruto da paz, da alegria; o fruto da comunhão, da unidade e de uma nova Igreja, que nasce do lado aberto de Cristo na Cruz. O Ressuscitado é apenas disso uma testemunha, mas é também a fonte e também o cume. Por isso, “não devemos brincar em serviço, nem baixar os braços”. Fiquemos em casa… e aí celebremos com alegria a nossa Visita Pascal. Sentiremos então que: “Este é o Dia do Senhor”; n’Ele exultaremos e nos alegraremos, e nos sentiremos convidados a dar graças ao Senhor porque Ele é bom e porque é eterna a sua misericórdia. Devemos olhar para Cristo Ressuscitado e para o futuro da humanidade com a esperança pascal do Homem Novo, que todos desejamos ser como discípulos missionários.

Que Jesus, o Ressuscitado, nos livre de tão nefasto mal e dos efeitos secundários desta pandemia. A causa e as consequências de tão grande mal vislumbram-se na noite escura e sombria. Mas agora o dia brilhou, o dia novo surgiu; as trevas foram destruídas. Por isso, mesmo que a globalização esteja descontrolada, os homens com o seu saber e a graça e a santidade de Cristo Ressuscitado tudo transformarão.

 

7. A Cristo ressuscitado, filho de Maria, a Senhora da Alegria, quero pedir convosco que nos livre sempre de todos os males e, particularmente nos nossos dias, da peste, desta pandemia e das suas consequências.

As vítimas que já partiram encontrem no Senhor a alegria de viver com Ele para sempre, e nós, que ainda peregrinamos na terra, saibamos viver a nossa vida na alegria, na esperança, no testemunho e no compromisso com Cristo Ressuscitado.

Quero desejar a todos vós, a todos os diocesanos, Santas Festas Pascais, com Maria, a Senhora da Alegria: “Regina caeli, laetare”.

Quero dar uma palavra de alento e de esperança, uma palavra de Páscoa aos doentes, aos seus cuidadores e todas as pessoas de boa vontade. Como eu dizia na minha mensagem Pascal, “nesta Páscoa florida, nesta Primavera, surjam muitas páscoas brancas no meio deste território tão querido e amado que é a Diocese de Viseu”.

Deus vos abençoe! Santas Festas de Páscoa, porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!

Viseu, 12 de abril de 2020

+ António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

CategoryBispo, Igreja

© 2016 Diocese de Viseu. Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento: scpdpi.com

Siga-nos: