O discernimento de que tanto nos fala o Papa Francisco, deve ser uma consequência da busca da verdade, da prática da caridade, das boas obras e de uma escolha prudente para realizarmos o maior bem e a vontade de Deus, como fez Jesus na aceitação do seu mistério de cruz, de sofrimento, de morte e de ressurreição. É no mistério Pascal de Cristo, que toda a vida humana e espiritual encontra sentido e as dores e os sofrimentos nos levam a completar na nossa carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do Seu Corpo que é a Igreja.
O início do novo ano escolar, a vivência do novo ano pastoral, o início da catequese e de outras atividades devem partir da experiência da fé, das orientações da DGS e da virtude da prudência que nos ajuda a dar passos com esperança, mesmo diante das dificuldades que a evolução epidemiológica do Covid-19 nos apresenta no momento atual.
A semana da Mobilidade que vamos viver é um momento e uma oportunidade importante para alargarmos os nossos horizontes na relação e proximidade uns com os outros, estando atentos à não poluição das nossas aldeias, vilas e cidades, de toda a criação como nos sugere a mensagem central que nos vem da “Laudato Si”.
Ao celebrarmos a festa da Exaltação da Santa Cruz, o seu poder e a sua glória, celebramos a vida e o testemunho do crucificado, de Jesus de Nazaré que para fazer a vontade do Pai, aceitou voluntariamente entregar-se à morte de Cruz, para que na obediência “à vontade de Deus seu Pai”, realizar-se a oferta de livremente aceitar morrer na cruz, oferecer-se no patíbulo em sacrifício, altar que se tornou o trono do Salvador do Mundo.
No mistério da Cruz encontramos a vida nova. “Nela está a plenitude da nossa salvação e por ela regressamos à dignidade original”. Tão grande é o valor da cruz, que quem a possui, possui um tesouro e nela encontra remédio para curar os seus males. A cruz é a glória de Cristo e a exaltação de Cristo. A cruz é o cálice precioso da paixão de Cristo, é a síntese de tudo quanto Ele sofreu por nós. Maria associou-se de modo particular à paixão de Cristo, unindo as suas dores co-redentoras às de Seu Filho Salvador do mundo. “O martírio da Virgem é recordado tanto na profecia de Simeão como na história da paixão do Senhor” (São Bernardo, abade).
Ao celebrarmos a memória de Nossa Senhora das Dores, contemplando Maria junto à cruz, que nos foi dada por mãe espiritual pelo seu filho Jesus Cristo. A profecia de Simeão afirma que uma espada de dor trespassou a alma de Maria, em benefício do maior bem da humanidade. Sejamos gratos por tão grande dom e merecedores de imitar as suas virtudes de santidade.
Por isso Maria e João junto à cruz, tornam-se os verdadeiros discípulos de Cristo, para que nós batizados aprendamos como Igreja a sermos verdadeiramente discípulos missionários.
Os grandes acontecimentos da vida cristã, no seguimento da vida de Jesus e de Maria, convidam-nos a fazer um discernimento cristão autêntico, para tomarmos consciência das grandes decisões que acompanham a nossa vida.
As grandes decisões e escolhas na vida da pessoa humana e dos cristãos devem acompanhar a nossa opção fundamental, como afirmava Bernard Haering e Joseph Fuchs nos seus ensinamentos de mestres, que as decisões que tomamos amadurecidas são fruto da oração, do estudo, da reflexão pessoal, de uma consciência iluminada pela obediência a Deus e aos superiores, tendo sempre em vista o maior bem e a fidelidade ao projeto salvífico de Deus, a respeito de cada um de nós e da humanidade.
† António Luciano,
Bispo de Viseu