Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Eucaristia do Dia Mundial das Missões celebrada no Convento de Santa Beatriz da Silva em Viseu, onde as Irmãs Contemplativas da Ordem da Imaculada Conceição, também em ação de graças pelos 50 anos de presença na Diocese, contribuem, pela oração, pela contemplação, sacrifício e testemunho, para a renovação da missão da Igreja Diocesana e da missão “Ad Gentes”.

 

Celebramos hoje o Dia Mundial das Missões, que preparámos com a oração, sacrifício e o testemunho missionário em particular com a Vigília de Oração, que celebrámos na passada sexta-feira na Igreja do Carmo, promovida pela Equipa dos Responsáveis dos Institutos Religiosos e Seculares presentes na Diocese.

Na verdade, o fundamento de toda a missão está na experiência e vivência da fé, na escuta fiel da Palavra de Deus, na oração perseverante e contínua, na consagração e na entrega incondicional ao projeto de Deus e na realização da missão de Jesus Cristo e da Igreja.

Em outubro missionário, Cristo é o Missionário do Pai: enviado ao mundo, desafia-nos. Todos os batizados somos chamados a ser “discípulos missionários”.

A missão é uma vocação, um dom e um serviço de toda a Igreja particularmente no tempo que vivemos de pandemia. Neste ano, marcado pelas tribulações e desafios causados pela pandemia do Covid-19, este caminho missionário de toda a Igreja continua à luz da palavra que encontramos na narração do profeta Isaías: ”Eis-me aqui, envia-me” (Is6,8). É a resposta sempre nova à pergunta do Senhor: “Quem enviarei”? (Is 6,9). Esta chamada e a resposta “podeis enviar-me Senhor” leva-nos a estar diante de um novo paradigma para a missão da Igreja (cf. Mensagem do Papa Francisco). Todos somos chamados para a missão. Todos somos missão: na oração, na contemplação, na consagração, na reflexão, na partilha, e no serviço em fraternidade. A missão não pode ser apenas fazer coisas, realizar atividades, isto seria ativismo. A missão tem que ser oração e contemplação, faz do agir de Cristo o nosso agir e a nossa renovação da missão da Igreja “em saída”.

O ir ao encontro do outro pede-nos um serviço identificado com o anúncio do Evangelho e um serviço a todos: “Desafia-nos a doença, a tribulação. O medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida”.

Diante dos desafios da Missão e da Nova Evangelização, qual é a força do amor que gera vida nova para a missão pela força da oração e pela graça do Espírito Santo anima todos os missionários.

 

Viver a fé com entusiasmo, mudar a cultura do descartável, promover o maior bem dos povos, renovar e catequizar os costumes, partilhar com alegria com os pobres porque desse modo ficamos mais ricos.

A missão é sempre um tempo de sonho e de desafios, uma experiência de amor e um serviço gratuito, uma partilha com generosidade feita em proximidade, fraternidade e solidariedade.

Este chamamento à missão vem do coração de Deus e é para todos. Demo-nos conta de estar todos no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo todos chamados a remar juntos no mesmo barco ao serviço da missão da Igreja.

A pandemia é um desafio para a missão da Igreja… É um compromisso evangelizador junto dos frágeis.

As leituras de hoje falam das dimensões religiosa e política, quer na sua diferença quer na sua complementaridade.

Por política entende-se o bem comum. A “polis”, a cidade, o cuidado pela casa comum. Cidade comum é um tema que nos toca a todos, tão querido do Papa Francisco. Todos irmãos na “fraternidade e na amizade social”. Os governantes, os reis, têm a missão de promover e cuidar desse bem, “meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, (…). Eu sou o Senhor e não há outro; fora de mim não há Deus” (cf. Is 45, 1.4-6). Podemos e devemos servir a humanidade sem deixar de servir a Deus. Aqui também nos fala o exemplo de santidade do Carlo Acutis.

Na segunda leitura, Paulo aos Tessalonicenses diz: “damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas nossas orações. Recordamos a atividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus, nosso Pai” (cf.1Ts 1,1-5b).

A missão da Igreja é isto mesmo, mas também pregar, anunciar a Boa Nova do Evangelho. Este não foi pregado só por palavras e obras, mas pela ação poderosa do Espírito Santo.

O Evangelho de São Mateus convida-nos a “dar a Deus o que é de Deus”: honra, glória e louvor e “dar a César o que é de César”. Ser bom cidadão é dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Dar aos homens do mundo o que lhes pertence e pedir que o administrem bem em benefício de todos. Devemos respeitar as leis e cumprir as obrigações e deveres com a missão que Deus nos confiou servindo os irmãos e a humanidade. Deus não faz aceção de pessoas. Aos homens do mundo devemos dar-lhes aquilo que lhes pertence para que sejam responsáveis perante os bens dos outros. Desejamos-lhe a coragem de, com todo o respeito e dignidade, promoverem o bem comum de todos e dos pobres.

Devemos aprender a colocar Deus sempre em primeiro lugar e a relativizar os bens materiais. (R.N. Leão XIII).

O Papa Francisco na Encíclica “Fratelli Tutti” convida-nos “a pensar o mundo a partir dos frágeis e das periferias”, a lutar contra a pobreza a partilhar os bens. É um novo paradigma para a missão, a “Igreja em saída”, que não é um programa, mas é Cristo que faz sair a Igreja de si mesma para ir anunciar o Evangelho movida pela força do Espírito Santo na “Missão Ad Gentes”.

A vida humana nasce do amor de Deus, cresce no amor e tende para o amor concreto.

 

A Igreja, Sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus Cristo e da Igreja e envia-nos por toda a parte como aconteceu com o Beato Carlo Acutis, que Deus chamou a ser missionário na família e junto dos seus companheiros na escola e na rua, através da internet, como catequista, através da confissão semanal, da Eucaristia diária, da devoção a Nossa Senhora e através da oração do terço. Missionário no seu meio, junto dos jovens tornou a missão da Igreja mais missionária e criativa através do seu testemunho de leigo. Para ele a “Eucaristia era a auto estrada para o céu”. Um missionário nato que nos ajuda e estimula a todos a sermos missionários.

A vós, monjas contemplativas, ajuda-vos com o seu exemplo e o seu amor a Nossa Senhora “a única mulher da sua vida”, dizia ele. Ajuda-vos, caras irmãs, a fazer da vossa vocação contemplativa, uma verdadeira oração, uma verdadeira meditação, para que a missão da Igreja produza bons frutos de santidade e na caridade.

Estamos nós batizados dispostos e disponíveis a ser enviados para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso e proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, animados pela graça do Espírito Santo para construirmos a missão da Igreja com o exemplo de Maria, a Rainha das Missões, a “primeira discípula missionária”? Que o exemplo e testemunho de Maria, de todos os santos e santas missionários, de Santa Beatriz da Silva, da Beata Rita Amada de Jesus e do Beato Carlo Acutis nos ajudem e ensinem a sermos todos missionários.

 

Iniciamos também hoje a Semana Nacional da Educação Cristã, que tem como tema: “Fortalecer a Família, Igreja Doméstica”. Rezemos por esta intenção para que tenhamos famílias boas empenhadas em construir e renovar a missão da Igreja através da realização da educação cristã dos seus filhos.

Foi também apresentado na sexta feira passada o logotipo da Jornada Mundial da Juventude cujo tema é: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39).

O símbolo é composto por uma cruz verde e vermelha, um caminho, o terço e a imagem de Maria. Uma imagem sugestiva, evangelizadora e missionária para a Igreja hoje.

Sejamos todos instrumentos da missão renovada da Igreja e do nascimento de um mundo mais fraterno e solidário.

 

† António Luciano,

Bispo de Viseu

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