Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

 

1. A esperança do Advento conduz-nos ao mistério do Natal e ao cumprimento das profecias anunciadas. Não temais, tende confiança, Jesus nasceu para nós!

A Luz que brilhou na noite fria de Belém conduz os cristãos à contemplação do Menino que veio ao mundo para iluminar e salvar. Também nós peregrinos chegámos à Gruta de Belém e somos convidados a adorar e a contemplar a pessoa de Jesus, o próprio Deus, a fonte da vida e do amor, no mistério do Verbo que Encarnou e habitou entre nós, mistério insondável da Salvação, que estava escondido desde os tempos eternos.

 

2. Perante as dificuldades que vivemos neste período de pandemia do Covid-19, vírus que infetou tantas pessoas, levou milhares de doentes para os hospitais e tantos ficaram em isolamento nas suas casas, nos Lares, nas Santas Casas de Misericórdia e outras instituições, à espera de recuperar a saúde.

A experiência de um estigma social visível na fragilidade e na vulnerabilidade provocam o medo de sermos todos infetados. Os profissionais de saúde e outros foram chamados a cuidar as feridas humanas, psicológicas e espirituais dos infetados, com grande sabedoria e altruísmo. O aumento de mortes levou a Igreja e a humanidade a ter mais sentimentos de compaixão, de oração, de amizade, de fortaleza, de proximidade e de resiliência.

 

3. O Natal revela-nos a vida nova, o Emanuel – o Deus Connosco – oferecido por Deus à humanidade: “Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz, e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 6-7).

Jesus sentiu-se um excluído da sociedade, do seu povo. Identificou-se verdadeiramente com os pobres e os marginalizados da sociedade. Só os pastores deram conta da sua presença em Belém, venceram a indiferença e escutaram o cantar dos anjos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama” (Lc 2, 14). Partiram apressadamente e encontraram um Menino deitado numa manjedoura, na companhia de Maria, sua Mãe, e de São José.

 

4. O tempo do Natal é, por excelência, o tempo da vida nova, que cria verdadeiras relações familiares, de amizade e de fraternidade social. Contemplemos o Senhor da vida, da história e da família e digamos: “Bom dia”! “Boa tarde”! “Boa noite”!

O acolhimento de Jesus na nossa vida leva-nos a tecer a manta da confiança e da esperança, que nos abriga do frio, da tristeza e da solidão que se abateram sobre as nossas aldeias, vilas e cidades, onde a pobreza envergonhada começa a chegar.

A humanidade esqueceu-se de Deus e ignora a sua presença. No meio de imensas dificuldades, procura reconstruir a vida, com os fios das palavras, dos gestos, dos afetos, do diálogo e do amor que enchem de ternura e compaixão a nossa identidade cristã.

 

5. Precisamos de semear a esperança cristã e fazer nascer em cada pessoa e em cada família a alegria, a ternura, a luz e a beleza do amor que irradiou na noite de Belém.

A pandemia desmascarou a vida humana e mostrou-nos as suas fragilidades e vulnerabilidades, mas agora é preciso apontar a todos um horizonte de fé, de esperança e de caridade.

– Aos pais, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, doentes e infetados pelo Covid-19

– Aos Governantes, autoridades públicas, civis, militares, sanitárias, administrativas, judiciais, prisionais

– Aos administradores dos hospitais, gestores dos centros de saúde, lares, misericórdias, e com uma palavra de gratidão aos médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e voluntários

– Aos empresários, gestores, trabalhadores, empregados, desempregados, professores, alunos, funcionários públicos e outros profissionais

– Aos homens e mulheres da Proteção Civil, Bombeiros, Cruz Vermelha, GNR, PSP, Polícia Municipal e outros servidores do bem comum

– Aos cristãos e agentes da pastoral, responsáveis de estruturas diocesanas, de serviços e movimentos, aos crentes de outras religiões e pessoas de boa vontade

A todos desejo um Santo Natal de Jesus e um feliz Ano Novo de 2021.

 

6. A ajuda aos pobres, a defesa dos inocentes, a proteção aos perseguidos, aos que sofrem, reclama de todos o respeito pelos direitos humanos, pelos valores universais: o amor, a justiça, a tolerância, a fraternidade, a solidariedade, a partilha e a paz. O respeito por cada pessoa e pelos povos que sofrem a violência, a guerra, a opressão, a exclusão social, ou a morte, como acontece em Cabo Delgado, em Moçambique, na Síria, no Líbano, na Nigéria e em tantos países onde é preciso fazer acontecer o Natal de Jesus. Destruindo as trevas, façamos brilhar a luz, na justiça e na paz.

As dificuldades, provocadas por esta tempestade, afetam a barca que navega num mar agitado, onde falta aos tripulantes a força para remar contra ventos adversos. Diante desta crise sem precedentes, o imperativo ético fala mais alto da partilha com a Cáritas, IPSS e outras Instituições carecidas de ajuda.

 

7. O Natal cristão está ainda longe de atingir a sua meta, pois o mistério da Encarnação ainda não foi verdadeiramente assumido por nós. O ideal evangélico da família de Jesus, Maria e José, é ainda um sonho por concretizar. Neste ano dedicado a São José, no “150º Aniversário da Declaração de São José como Padroeiro Universal da Igreja”, queremos pedir-lhe para ajudar as nossas famílias a viverem o espírito da Sagrada Família de Nazaré no testemunho de vida, de trabalho, de oração e de serviço.

Em tempo de pandemia, com sérios riscos de aumentar o número de infetados, as celebrações festivas desta quadra serão vividas de acordo com as orientações pastorais da “Nota da Conferência Episcopal Portuguesa”, com data de 9 de dezembro e no cumprimento das normas emanadas pelo Governo Português e pela Direção Geral de Saúde. Não tenhamos medo de ir à Igreja e participar nas celebrações festivas do Natal. Jesus espera por todos nós e conta connosco na construção de um mundo melhor.

Não sendo permitida o rito do beijar ou tocar o Menino Jesus, podemos, no final da Celebração da Eucaristia, fazer um ato de adoração, acolhendo o Salvador do mundo. Rezemos pela paz, pelo fim da pandemia e pela santificação das famílias. Jesus nasceu para nós! Ele precisa de mim, de ti, para nascer no coração de muitos irmãos.

Desejo aos cristãos e a todas as pessoas de boa vontade, um Santo Natal de Jesus e um Novo Ano de 2021 cheio das maiores bênçãos e graças de Deus.

 

Viseu, 18 de dezembro de 2020

† António Luciano dos Santos Costa,
Bispo de Viseu
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