Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Jesus, Maria e José, iluminai-nos socorrei-nos e salvai-nos!

 

  1. A Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José convida-nos a meditar hoje sobre a grandeza da vocação e missão da família na Igreja e no mundo.

Celebramos a Eucaristia nesta Igreja Paroquial de Ribafeita, lugar sagrado tão querido da Beata Rita Amada de Jesus, Apostola da Família, da Eucaristia e do Rosário. Nesta Igreja onde foi batizada, tornou-se filha de Deus e da Igreja.

Dou graças a Deus pelo dom da sua vida humana e cristã e pela sua consagração religiosa e Fundadora do Instituto Jesus, Maria e José. Venho pedir, por intercessão da vida que tem junto de Deus, as maiores bênçãos e graças para as nossas famílias, para a paróquia de Ribafeita, para a nossa Diocese e para o Instituto JMJ. Pedir que interceda junto de Deus o dom de mais vocações sacerdotais, vocações de consagração à vida religiosa e laical. Nos estimule a todos a sermos discípulos missionários, na Escola de Jesus, Maria e José.

 

  1. A celebração litúrgica da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, neste “Ano Jubilar” dedicado a São José, é para todos nós um motivo de festa, de alegria, de esperança e de confiança na Providência e na Paternidade Divina, que chega até nós hoje pela poderosa intercessão de São José, “COM CORAÇÃO DE PAI”.

A Beata Rita nutria uma devoção especial a São José, a quem confiava a sua vida, as suas preocupações e dificuldades do difícil caminho de fé que conduziu a sua peregrinação interior.

Como cristã empenhada na renovação da vida cristã e espiritual dos fiéis e da família, trabalhou incansavelmente, cheia de zelo apostólico pela santificação das famílias e renovação da Igreja em Portugal. Como ela também São João Paulo II inflamou o mundo com um grande amor e dedicação à família com este desafio: “Família, torna-te aquilo que és”.

A família comunidade de vida e de amor, aberta à vida, ao diálogo, verdadeira “Igreja Doméstica”, tem uma vocação única e indispensável para o futuro da humanidade.

O seu amor de Pastor Universal da Igreja, levou-o a trabalhar pela família com o mesmo ardor para beber da mesma fonte onde a Beata Rita foi buscar a força interior para inspirar o seu carisma fundacional. No mistério da Santíssima Trindade ambos encontraram luz para amar a família na vivência da sua vocação de anunciar ao mundo o Evangelho do “amor e da conversão”.

O testemunho da sua oração foi exemplar pela santificação das famílias, quer através da oração diária do terço, da celebração da Eucaristia, da catequese às jovens, na ajuda à pratica dos bons costumes, na promoção da vida moral e no convite à vivência da caridade na escola eclesial do amor e da conversão.

Neste domingo, em que celebramos a Festa da Sagrada Família, faz-nos bem refletir sobre o “Sacramento do Matrimónio” edificado no amor e na comunhão, assente na unidade e na indissolubilidade.

A família é uma comunidade de vida e de amor, aberta à vida, aos filhos, ao diálogo, à relação. Sem famílias boas não teremos uma sociedade sadia e o mundo não terá um futuro melhor.

A família é uma comunidade de compromisso, de afetos, de partilha e de relação, por isso é um reflexo do amor da Santíssima Trindade. Família que reza unida permanece unida.

A família é uma comunidade de fé, chamada a ser uma verdadeira “Igreja Doméstica”, escola de humanismo, de evangelização, de catequese, de transmissão de valores e socialização. A família é uma comunidade de fraternidade, de amizade, de amabilidade, de partilha, de encontro de diálogo, de perdão e de paz.

 

  1. Neste domingo estou aqui, como vosso Bispo, nesta quadra de Natal, com espírito de solidariedade, de fé e de reparação pelo assalto ocorrido nesta Igreja recentemente e também pela falta de respeito a Jesus na Santíssima Eucaristia.

Esta Igreja Paroquial foi desrespeitada pelo assalto que nela aconteceu, assim como noutros lugares da paróquia. Faço-o na Festa da Sagrada Família e implorando convosco a intercessão da Beata Rita, natural desta paróquia de Ribafeita, onde nasceu, foi batizada, viveu e morreu. Unindo-me a todos vós neste ato de culto público de reparação, rezo em reparação dos danos causados e pela tristeza que nos trouxe ao coração este ato de vandalismo. também pelas ofensas cometidas contra a Deus e a Igreja. Venho para fortalecer esta comunidade na provação e na fé, rezando pela conversão dos pecadores.

4.Como gostava a Beata Rita de caminhar a rezar desde a casa dos seus pais em Casalmendinho até à Igreja paroquial de Ribafeita. Aqui rezava, adorava, amava e em reparação e desagravo fazia companhia a Jesus, o seu melhor amigo, presente no sacrário, pedindo-lhe perdão por todas as ofensas que Ele recebe no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

Nós hoje rezamos também com espírito reparador:

“Meu Deus eu creio adoro, espero e amo-vos, peço-vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam”.

“Santíssima Trindade, Pai Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo corpo, sangue, alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente entre todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido e pelos méritos infinitos do vosso Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores”.

 

5.Venho pedir também convosco à Beata Rita Amada de Jesus, nascida na paróquia de Ribafeita em 1848, onde foi batizada com o nome de Rita de Almeida, onde viveu e morreu em odor de santidade acompanhada pelas suas irmãs de JMJ em Janeiro de 1913. Agora junto de Deus, que interceda por nós, pela santificação das família e pela renovação da Igreja.

Nasceu no seio de uma família cristã e desde muito cedo sentiu que Deus a chamava a ser apostola da família. Primeiro no seio da sua família, através do exemplo de vida e do testemunho de vivência da sua fé. Depois, na vida de tantas companheiras e jovens a quem ensinava a rezar o terço, instruía na catequese e ajudava a fazer o caminho da conversão do coração até chegar a Deus.

Anunciava com alegria o Evangelho de Jesus às crianças, aos jovens e às famílias enfraquecidas na fé.

Exemplar no testemunho de vida cristã, criativa e inovadora nas formas de pastoral que realizava, ensinando a rezar o terço na família, verdadeiro santuário da vida e do amor. Na sua missão educadora e evangelizadora chamou muitas jovens para Deus e ajudou muitas a saírem da vida de pecado.

Fundadora do Instituto de Jesus, Maria e José, mulher crente, simples, humilde, corajosa, destemida, mulher do povo, teve que travar grandes batalhas para viver com fidelidade a sua vocação cristã e religiosa. Partilhou o seu carisma de fundadora com a Igreja, com as irmãs que abraçaram este ideal e depois acenderam a fogueira do amor de Deus no mundo, através da pregação do Evangelho da conversão, da fraternidade e da amabilidade.

Fundadora do Instituto JMJ, fez da consagração, uma vida de testemunho, de humildade e simplicidade, “escondida com Cristo em Deus”, aprendeu a servir, a amar, a iluminar o mundo e a família humana e cristã de modo sobrenatural.

Na vida oculta de Jesus, Maria e José, na Escola da Casa de Nazaré, ela aprendeu a viver uma vida de silêncio, de oração, de consagração, de trabalho, de evangelização, para anunciar ao mundo com coragem, a esperança e a força que nos vem da alegria de anunciar o Evangelho.

Amar a Igreja, servindo a família foi o seu ideal, era o seu único desejo. Em Jesus, Maria e José, encontrou a inspiração, a força, a dedicação e a entrega incondicional para entregar a sua vida a Deus.

Em tempo de pandemia, de desafios pastorais e de dificuldades para as famílias, para a Igreja e para a humanidade, a Beata Rita Amada de Jesus, inspira-nos e impele-nos com a sua mensagem atualíssima de evangelização na pastoral familiar: ”Se preciso fosse, percorreria o mundo para salvar uma só alma” (Rita Amada de Jesus).

Para vivermos hoje esta frase da Beata Rita, não precisamos de sair do nosso coração, da nossa casa, da nossa família, do nosso bairro, da minha aldeia, da minha vila, da minha cidade. Ela incentiva-nos hoje a sermos verdadeiros apóstolos da família com entusiasmo e esperança.

 

6.Sejamos semeadores da esperança, como apóstolos da família, levando ao mundo de hoje o ensinamento cristão sobre o matrimónio e a família e mostrando o exemplo e testemunho da Família de Jesus, Maria e José, como desafio e meta para as nossas famílias.

“A família é a fonte de onde brota a vida da humanidade” (Monsenhor Joaquim Alves Brás).

Na primeira leitura de Ben-Sirá, podemos acolher  a seguinte mensagem:  “Deus quis honrar os pais nos filhos…Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua mãe…Filho ampara a velhice do teu pai e não desgostes durante a vida…” Ben-Sirá apresenta ainda o valor da relação entre os pais e os filhos como fonte de harmonia familiar e bênçãos divinas. Os filhos que sabem honrar os pais recebem de Deus o perdão dos pecados.

A família é a célula base da sociedade e um tesouro enorme, que devemos preservar e privilegiar. Senhor Jesus tu próprio quiseste ter uma família quando te fizeste um de nós nascestes no seio de uma família. Ensina-nos a sair do vazio interior em que vive o nosso mundo e a gerar afetos generosos entre os membros das nossas famílias, para que a ninguém falte o amor e o pão de cada dia.

Neste dia da Sagrada Família devemos fazer um compromisso de apostolado familiar: Preciso de dizer aos meus pais, quanto gosto deles, quanto lhes quero bem, quanto agradeço a vida que através deles recebi. Que saibamos agradecer o dom da nossa família e a ajudemos a ser uma comunidade de vida, de amor, de fé, verdadeira Igreja doméstica.

Na segunda leitura, Paulo lembra aos Colossenses a grandeza da vocação cristã: “Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra o outro” (Col 3, 12-21).

Este é o Evangelho do amor e da conversão que a Beata Rita anunciava com alegria e zelo apostólico e viveu de modo heroico nas suas virtudes humanas e sobrenaturais.

– Tal como o Senhor vos perdoou, assim vós deveis perdoar.

– Acima de tudo revesti-vos da caridade que é o vínculo da perfeição

– Reine em vossos corações a paz de Cristo

– E vivei em ação de graças

– Tudo o que fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome de Jesus.

São Paulo faz nos um apelo à realização da verdadeira pastoral familiar:

Ai de mim se não evangelizar a família. Se não anunciar o Evangelho da conversão às Famílias, através deste apelo: “Esposas sede submissas aos maridos, como convém ao Senhor. Maridos amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza”.

Diante do exemplo heroico da vida da Beata Rita, faz-nos pensar hoje no problema da violência doméstica, no flagelo do divórcio e da instabilidade social que se vive na família.

“Filhos obedecei em tudo aos vossos pais, porque isto agrada ao Senhor… Pais não exaspereis os vossos filhos para que eles caiam no desanimo”.

A Palavra de Deus é útil para ensinar, aconselhar, instruir e adquirir a sabedoria.

Peço-te Senhor pela minha família e pelas suas dificuldades. Peço por todas as famílias do mundo.

Quero dar graças a Deus pelo dom da família que nos deu.

Damos graças a Deus pela família da Beata Rita, pela família religiosa que ela fundou, o Instituto Jesus, Maria e José e pelas suas comunidades espalhadas pelo mundo. Pedimos santas famílias para a Diocese de Viseu e muitas vocações sacerdotais e para o Instituto Jesus, Maria e José.

O Evangelho um texto conhecido de todos nós, fala-nos da oferta de Jesus ao Pai no Templo de Jerusalém. “Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor” (Cf. Lc 2,22-40)

Vivia em Jerusalém um homem justo e piedoso, Simeão, que tomou o menino nos braços e disse: “Agora Senhor, segundo a vossa palavra deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: Luz para se revelar às nações e glória de Israel vosso povo” (Lc 2, 22-)

O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com aquilo que se dizia do Menino. Simeão abençoou-os e disse a Maria sua Mãe: “Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam e se levantem em Israel e para ser sinal de contradição – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações”. Também a profetiza Ana servia a Deus noite e dia com jejuns e orações.

O Evangelho mostra-nos a riqueza da família e a importância das relações entre as gerações: os avós, os filhos e os netos. “O Menino crescia, tornava-se robusto, e enchia-se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele”.

A Igreja pede-nos para colocar a família em evidência no trabalho pastoral e meditemos sobre a sua vocação e missão. Senhor, hoje queremos estar unidos em família e fazer tudo para que a família se torne o santuário da vida, do amor e das relações sadias.

 

 

7.Peço convosco ao Senhor, por intercessão da Beata Rita Amada de Jesus a santificação das famílias, pelos filhos, pelas vocações de consagração na Igreja e peço-vos que rezemos para que Deus nos conceda por intercessão da Sagrada Família o dom do milagre que conduza a santidade da Beata Rita, ao processo da sua Canonização.

Termino com a oração a São José, pedindo graças para este ano dedicado a São José e à Família, por ocasião do 5º Ano da publicação da Exortação “Amoris Laetitiae”.

Este dia traz-nos um grande desafio e apelo à renovação da Pastoral Familiar na nossa Diocese e à estabilidade das nossas famílias.

“Só nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a nossa conversão.

Dirijamos-lhe a nossa oração:

Salve, guardião do Redentor

e esposo da Virgem Maria!

A vós, Deus confiou o seu Filho;

em vós, Maria depositou a sua confiança;

convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-Aventurado José,

Mostrai-vos pai também para nós

e guiai-nos no caminho da vida.

Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,

e defendei-nos de todo o mal.

Ámen”. (Papa Francisco)

 

Ribafeita, 27 de dezembro de 2020
† António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu
CategoryBispo, Diocese

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