OBSERVATÓRIO PASTORAL
Aproxima-se o Natal, em nossas casas, nas igrejas e em alguns locais públicos constrói-se o grande símbolo do Natal, o Presépio. Independentemente da opção religiosa de cada um, ninguém fica indiferente ao espírito natalício, tornando-se mais expressivos os gestos de solidariedade, as manifestações de carinho e de amor para com todos. Sentimentos que emergem da simplicidade, da ternura e dos braços abertos para nos acolher de um Menino, figurado junto dos seus pais. Ele é a presença de todas as crianças que são a alegria de qualquer casa, na família de Nazaré projetam-se todas as nossas famílias, todos os que amamos e com quem queremos estar.
Foi em Greccio, uma pequena cidade de Itália, que São Francisco, no século XIII, concebeu a primeira representação teatral do nascimento de Jesus. A partir daí a arte associada à montagem do presépio foi-se difundido, desenvolvida pela liberdade criativa dos artistas e dos artesãos, assumindo formas muito diversificadas e recorrendo aos mais variados materiais.
Na sua maioria, os presépios das nossas igrejas são compostos por imagens contemporâneas. A utilização circunscrita ao período do Advento e Natal e o recurso a materiais frágeis terão determinado o desaparecimento de muitos exemplares e a sua substituição por peças mais recentes. Paralelamente, por se tratar de uma montagem efémera, a sua construção tem favorecido a criatividade dos seus mentores, que, para além das figuras centrais e tradicionais, enriquecem o presépio com uma grande diversidade de elementos e figuras, enformando composições cenográficas de grande simbolismo.
Estes presépios têm suscitado um crescente interesse junto das comunidades, abrindo-se à contemplação de cristãos e não cristãos. Para nós cristãos, “É este encontro (de amor e ternura) entre Deus e os seus filhos, graças a Jesus, que dá vida à nossa religião e constitui a sua beleza singular, que transparece de modo singular no Presépio”. Mas ninguém fica indiferente, para além da graciosidade da representação, olhar o presépio é olhar o amor e a família, é alimentar a esperança numa humanidade melhor.
Em algumas paróquias têm sido preparados presépios comunitários, iniciativas que, para além de motivarem o envolvimento da população, colocam o presépio nos espaços do quotidiano, numa ação de anúncio que proporcionará alegria a quem passa.
Na arte de montagem de presépios têm sido figuradas personagens e cenas do quotidiano, aproximando o nascimento de Jesus dos espaços de vivência da humanidade.
Esta opção compositiva remonta aos presépios do século XVIII, produzidos por escultores como Machado de Castro e António Ferreira em terracota, tecidos, algodão, madeiras, etc. De um autor diferente, Martinho António de Sousa, mas da mesma linha, é o presépio do Museu da Catedral de Viseu. Neste, a representação da Natividade está integrada num universo de outras encenações, umas de carácter bíblico, como a vinda dos Reis Magos, a Adoração dos Pastores, a Fuga para o Egipto e o Sacrifício dos Inocentes; outras de matriz quotidiana, como o pastor com as ovelhas, o moleiro, o caçador, a ida à fonte, a dança e a música, etc. Figurações da vivência das comunidades, que conferem um ar naturalista ao presépio e reforçam o seu simbolismo: esta é a humanidade a quem Deus quis revelar a grandeza do seu amor, através de um Menino, Jesus.