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OBSERVATÓRIO PASTORAL

 

A primeira Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais (2014) fala-nos do “uso pastoral da internet”, afirmando que o «testemunho não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana».

Em plena pandemia, podemos, já, afirmar que uma das suas consequências, foi “trazer à superfície” a certeza de que vivemos uma nova era (Laudato Si, n. 102), marcada pela aceleração sem precedentes da tecnologia na nossa vida. Se dúvidas houvesse, experimentámos como a internet já estrutura o nosso quotidiano e a conceção de tempo, espaço, pertença ou memória, contribuindo para profunda alteração da relação Igreja-sociedade e fé-vida. Uma novidade? Não. Pelo menos se tivermos em conta os documentos da Igreja, sobretudo, a partir do Concílio Vaticano II, acerca da atenção aos sinais dos tempos e ao impacto da tecnologia da vida da pessoa. Neste dever de investigar a todo o momento os sinais dos tempos (Gaudium et Spes, 4), apontamos alguns desafios que permitam encontrar novas respostas para esta nova era: O digital divide: vivemos um fosso entre “os que nasceram e não nasceram na época da internet” (nativos e migrantes digitais) e outro entre os que têm e os que não têm condições de acesso à mesma, entre nós. Curiosamente, e em geral, são os migrantes digitais que se sentem pedras vivas das nossas comunidades.

Neste sentido, a verdadeira questão não está na técnica, mas em saber até que ponto as nossas comunidades estão dispostas à conversão pastoral (Evangelii Gaudium, n. 27ss).

A cultura digital: se, antes, os meios de comunicação serviam essencialmente para construir opiniões e saber notícias, agora, permitem à pessoa realizar o que a carateriza, como ser relacional: partilha, participa, narra, representa… é o tempo das redes sociais. Concretamente, e numa linguagem de igreja, passou-se de uma comunicação do púlpito para a mesa redonda. Uma imagem que nos pode ajudar a perceber a forma como definimos os projetos e dinâmicas pastorais nas nossas comunidades (EG, n. 235ss).

A pastoral do tecido novo em pano velho: conscientes de que o Espírito Santo sopra onde quer (Jo 3, 8), não podemos deixar de reconhecer que assistimos, em geral, a um “copy-paste” de dinâmicas pastorais do ambiente físico para o digital. Contudo, «não basta circular pelas estradas digitais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro» (M. Dia Mundial das C. Sociais, 2014).

Em plena celebração do mistério de Deus que nos fala através do seu Filho (Dei Verbum, n. 4), a resposta a estes (e outros) desafios da evangelização na cultura digital será dada no nosso próximo encontro.

 

Pe. Pedro Guimarães, CM
CategoryDiocese, Pastoral

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