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OBSERVATÓRIO PASTORAL

 

Nota: ler com o texto na mão

 

Todos reconhecemos que a comunidade cristã precisa de crescer sempre mais no conhecimento das Sagradas Escrituras. O plano pastoral da nossa Diocese, com o texto bíblico que o inspira, leva-nos a isso: aprendemos que só quando temos acesso e nos abrimos à novidade da Palavra de Deus e A estudamos, é que os olhos se abrem e o coração começa a arder (Lc 24,31-32).

Este ano (B), o Evangelho de Marcos é aquele que se abre diante de nós, (in)formando-nos, desde o início, acerca do seu conteúdo e desafiando-nos a uma leitura mais atenta: “início do Evangelho de Jesus Cristo Filho de Deus”(Mc 1,1).

Alguns autores falam dele como o «Evangelho do Kerigma», do (primeiro) anúncio por excelência (revisitar este Evangelho pode ser inspirador e oportuno). Porém, surpreendentemente, “ignora” momentos importantes da vida de Jesus: Bem-Aventuranças, Pai-Nosso, relatos da infância, parábolas da misericórdia… muito provavelmente para evidenciar a questão de fundo que atravessa toda a obra: «quem é Jesus?». Unida a esta, surge uma outra: «quem é o discípulo de Jesus?». Para responder a estas perguntas, é necessário percorrer um caminho gradual e progressivo com Jesus, que nunca está parado; é um itinerante.

Ao longo da narrativa, Marcos faz surgir muitas figuras que são levadas a encontrar-se com Jesus e a tomar uma posição: estar com Ele, segui-l’O, traí-l’O, negá-l’O… A procura pela Sua identidade leva-as a fazer algumas perguntas no confronto com a Sua pessoa (Mc 1,27; 2,7; 2,16; 4,41; 6,2; 7,5; 14,61).

Porém, no caminho de Cesareia de Filipe, coração deste Evangelho, a pergunta surge da boca de Jesus: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”(Mc 8,29). Pedro, embora respondendo, à primeira vista, bem, percebe-se a seguir que, afinal, respondeu antes do tempo (Mc 8,29ss); ainda não tinha feito o caminho transitivo, da Galileia até à Cruz, e intransitivo, do seguimento de Cristo (da conversão). De imediato, Jesus ‘impõe’ silêncio e aproveita para ensinar (Mc 8,31); característica de Jesus que Marcos acentua (Mc 3,7ss; 4,1.33; 6,2.6b) – o que parece um pouco paradoxal, pois não encontramos muitos ou grandes discursos no seu Evangelho. E por via de uma repreensão a Pedro, “vai para trás de Mim, Satanás”(Mc 8,33), aprendemos que «atrás de Mim» é o lugar próprio do discípulo: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”(Mc 8,34).

Na cura do cego de Jericó (Mc 10,46-52), fica bem claro que o Evangelho de Marcos pode ser lido também como o «Evangelho das periferias», pois, Jesus não o exclui, mas inclui; anula distâncias, abre o Seu coração e a Sua vida às periferias provocando um movimento de inclusão (como quando vai fora de Israel: Mc 5,1-20; 7,24-30; 8,1-9 ou na afirmação de fé do Centurião: Mc 15,39). O cego viu e seguia Jesus no caminho (Mc 10,52). O caminho do discípulo é seguir sempre atrás do Ressuscitado: “Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá o vereis, como vos tinha dito”(Mc 16,7). O caminho continua…

 

Pe. António Henrique
CategoryDiocese, Pastoral

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