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Jornada Mundial de Oração pelos Sacerdotes

 

  1. Celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade.

O Papa Francisco nesta Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, convida-nos a sermos sacerdotes segundo o Coração de Cristo.

“O Bom Samaritano que deixa o seu caminho para socorrer o homem doente (cfr. Lc 10, 30-37) é a imagem de Jesus Cristo que encontra o homem necessitado de salvação e cuida das suas feridas e da sua dor com “o óleo da consolação e o vinho da esperança”. Ele é o médico das almas e dos corpos e “a testemunha fiel” (Ap 3,14) da presença salvífica de Deus no mundo” (Carta Samaritanus Bonus).

A primeira responsabilidade pastoral do sacerdote é cuidar do rebanho que lhe foi confiado. É este o cuidado que o Sagrado Coração de Jesus tem por todos os sacerdotes. “Quando Israel era ainda criança, já Eu o amava; (…) chamei o meu filho (…) era eu quem cuidava deles. Atraía-os com laços humanos, com vínculos de amor” (Os 11,1, 3.4).

O Coração de Jesus é o Bom Pastor, que tem um coração cheio de compaixão. “Sem compaixão, quem olha não se comove com o que vê e passa adiante; ao contrário, quem tem um coração compassivo deixa-se tocar e comover, pára e cuida” (Carta Samaritanus Bonus).

Caríssimos sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos, esta Eucaristia convida-nos a encontrar no Coração de Cristo, manso e humilde de coração a força, a coragem, a resiliência e a esperança para sermos neste tempo de pandemia aqueles que continuam a cuidar e a anunciar ao mundo o Evangelho da libertação: “Vinde a mim todos vós, que andais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28). Aprendei de mim a cuidar uns dos outros com responsabilidade, competência e generosidade. Sede portadores de vida e de bem, levai a esperança aos corações atribulados e ide à procura da ovelha perdida e tresmalhada.

  1. Sacerdotes convidados a mergulhar no mistério do amor Trinitário de Deus, Pai, Filho, Espírito Santo. Deixemo-nos envolver pelo dom da vida de Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote, o Bom Pastor, que nos chamou a participar da sua vida divina através do ministério ordenado. Ser Sacerdote segundo o Coração de Cristo, significa revestir-nos d`Ele, identificar-nos com Ele até ao ponto de termos os mesmos sentimentos, que havia em Cristo Jesus, atentos a cuidar com amor, gratidão e compaixão.

Somos chamados a construir comunidades novas e a ser no mundo de hoje nas nossas paróquias e comunidades espalhadas pela Diocese fermento da alegria do Evangelho. As nossas comunidades conduzidas pelo Espírito Santo e servidas pelos sacerdotes que se oferecem como dom gratuito ao Coração de Cristo, para ajudar os fiéis a viver a espiritualidade cristã centrada no essencial, no tesouro escondido, que se manifesta no vinho novo da salvação. “A Eucaristia é o maior dom do Coração de Cristo” (São Paulo VI). Celebrarmos este mistério e façamos dele o cume e a fonte da nossa vida e espiritualidade sacerdotal com um coração cheio de fé, de amor, de caridade e de misericórdia. O sacerdote é assimilado pelo Coração de Cristo de modo especial na celebração eucarística, que une ao sacrifício do altar o amor do Senhor e a intercessão do seu Povo.

 

  1. Jesus Cristo chama-nos amigos e dá-nos a vida em abundância.

Já não vos chamo servos, mas chamo-vos amigos. Deus é o nosso maior amigo e convida-nos a sermos amigos e próximos uns dos outros. É ao serviço dos irmãos numa vida de santidade e de caridade que nos realizamos e santificamos. O bispo, o sacerdote e o diácono são chamados a santificarem-se no exercício do ministério ordenado. “Jesus não tem medo de se contaminar com a fragilidade humana, mas, antes desce aos abismos da fragilidade humana e do pecado, para revelar o Coração Misericordioso do Pai que levanta das quedas cada um dos seus filhos e os chama à alegria do perdão” (Papa Francisco).

Peçamos ao Coração de Jesus que nos dê sacerdotes zelosos que se dediquem ao ministério do acolhimento espiritual, ao serviço de escuta. Confessores sábios e santos que no Sacramento da Reconciliação imitem São João Maria Vianey e saibam mostrar aos pecadores e aflitos de coração a grandeza do perdão, que nos vem do coração misericordioso do Pai. Sejamos todos sacerdotes misericordiosos, capazes de acolher, formar, acompanhar e ser instrumentos do Coração misericordioso de Cristo, no Sacramento da Reconciliação.

“Muito obrigado por todas as vezes em que, deixando-vos comover até às entranhas, acolhestes os que tinham caído, curastes as suas feridas, oferecendo calor aos seus corações, mostrando ternura e compaixão como o samaritano da parábola (cf. Lc 10,25-37). Nada é tão urgente como isto: proximidade, vizinhança, estar próximo da carne do irmão que sofre”. (Papa Francisco).

 

  1. Desafio a ser sacerdote segundo o Coração de Cristo.

A Sagrada Escritura mostra-nos a ternura e a bondade de Deus para com o seu povo. “Dar-vos-ei pastores, segundo o meu coração”. Estas são palavras que enchem o nosso coração de esperança, confortam a nossa fé, ajudam-nos a rezar com mais confiança diante das fragilidades e dificuldades da vida e do ministério. Somos convidados a viver em espírito de vigilância e oração, com as lâmpadas da fé acesas o nosso ministério para cuidar do rebanho que nos está confiado. Centrados na Eucaristia fonte de graça e de luz façamos da nossa vida em todos os caminhos um testemunho de oração perseverante na Igreja e no Apostolado da Oração.

A ternura do Coração de Jesus é o melhor remédio para aprender a cuidar o que é mais frágil na pessoa humana. Esta é a melhor terapêutica para curar as pessoas feridas e ajudar a levantar as que caíram magoadas à beira do caminho, de modo especial durante esta pandemia tão longa e dolorosa. Peçamos-lhe um coração corajoso para acompanhar espiritualmente os excluídos, os abandonados, os indiferentes, os que se afastaram da Igreja ou perderam a fé.

 

  1. A vida e o ministério sacerdotal perante a diversidade de serviços e o ardor pastoral

A oração deve ser o primeiro dever do sacerdote, o respirar de Deus na sua vida, o alimento indispensável para louvar o Senhor e servir seu povo. O trabalho eclesial quotidiano, enquanto serviço pastoral, deve ser para o bispo, o sacerdote, o diácono, os consagrados e os leigos uma procura constante para viver em atitude de serviço aos irmãos. O trabalho pastoral e a oração contínua devem ser uma característica visível no exercício do ministério ordenado, que faz de nós peregrinos do sagrado  em busca de alimento na Palavra de Deus, na Eucaristia, nos Sacramentos, na da oração e no serviço da caridade.

A Igreja é chamada a rezar pela santificação dos sacerdotes que Deus concedeu ao seu povo em todas as circunstâncias e sem cessar. Viver em oração do coração, para meditar e refletir com entusiasmo e fé os desafios que nos são pedidos. Temos que procurar antecipar o futuro com a nossa liberdade interior, disponibilidade e responsabilidade pastoral, assumida sempre com esperança pascal. “Assim, profundamente enraizados na caridade, podereis compreender, com todos os santos, a largura, o cumprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo” (Ef 3, 19).

 

  1. O desânimo e o cansaço no exercício do ministério sacerdotal

Uma realidade que não podemos ignorar e a que devemos prestar a máxima atenção no nosso itinerário sacerdotal. A insondável riqueza do amor de Cristo, derramado em nossos corações, leva-nos a olhar para “Aquele que trespassaram” (Jo,19,37) com confiança para n`Ele encontrarmos o remédio para a nossa fadiga, desilusão, solidão, medo e cansaço pastoral. “Vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”. Estas palavras de Jesus confortam-nos perante o desanimo, livrando-nos de cair num estado de depressão espiritual.  O Coração de Jesus cuidador dos doentes e rico de misericórdia, tenha compaixão de nós pecadores, dê remédio aos feridos, socorra os pobres e fortaleça os fracos e os desanimados.

No Coração de Jesus, o Deus vivo encontra-se com toda a pessoa humana de modo único e irrepetível. O testemunho de vida sacerdotal e um antídoto contra a crise de vocações sacerdotais, que não podemos deixar de pedir.

A Igreja serve o Reino de Deus, que o Coração de Cristo assumiu no alto do calvário, “uma vez que este por sua natureza, é dom e obra de Deus, como lembram as parábolas evangélicas e a própria oração que Jesus nos ensinou. Devemos suplicá-lo, para que seja acolhido e cresça em nós: mas devemos simultaneamente cooperar a fim de que seja aceite e se consolide entre os homens, até Cristo “entregar o Reino a Deus Pai”, altura essa em que “Deus será tudo em todos” (1Cor 15,24. 28); (RM 19).

 

  1. Ao Coração de Jesus confio a vida dos nossos sacerdotes.

Para que Ele viva verdadeiramente em nós, como Bom Pastor e faça de nós verdadeiros evangelizadores, discípulos missionários, ministros ordenados, confiamos-lhe a nossa vida e consagramos-lhe o nosso sacerdócio. Entregamos também o nosso ministério e serviço pastoral à oração de todo o povo de Deus, pedindo aos leigos nossos diretos colaboradores, que nos ajudem a confiar ao amor e ao cuidado de Nossa Senhora, a Mãe do Sagrado Coração de Jesus, proteção e modelo de vida para todos os sacerdotes. No amor e na ternura do Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria, encontremos a grandeza do nosso pobre coração de sacerdotes. O ministério ordenado concedeu-nos a graça de sermos “Alter Christus”, para levar ao mundo os dons da salvação eterna. Neste ano dedicado a São José, queremos servir a Igreja Diocesana, identificando o nosso coração com o Coração de Cristo, para que pela ação do Espírito Santo aprendamos como sacerdotes a cuidar da humanidade com dignidade, respeito, zelo e caridade pastoral.

 

Coração de Jesus trespassado pela lança, consagro-vos a minha vida e o meu pobre coração, pois tenho confiança em Vós. Coloco no vosso coração, os sacerdotes, os diáconos, os consagrados e os leigos, para que sejam santos e disponíveis para servir a Igreja e o mundo. Concedei-nos a graça de encontrar no Vosso Santíssimo Coração a nossa morada eterna. Confiemos a nossa vida e o nosso ministério ao Senhor, entregando a nossa vida em castidade, obediência e pobreza pelas mãos de Maria Santíssima, a Mãe do Sagrado Coração de Jesus, a Mãe de todos os Sacerdotes. Ámen.

 

Viseu, 11 de junho de 2021

† António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

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